Diminuição de insectos tem efeitos “inimagináveis” para os seres humanos

CIÊNCIA

Ecuador Megadiverso / Flickr

A diminuição do número de insectos é um problema muito mais grave do que se julgava. Nova investigação afirma que essa diminuição põe em causa cadeia alimentar e traz “consequências inimagináveis para os seres humanos”.

O estudo publicado a 15 de Outubro na revista Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, foca-se nos artrópodes – animais invertebrados que possuem exoesqueleto rígido e vários pares de apêndices articulados – como gafanhotos, moscas, mosquitos, borboletas, formigas, aranhas, escorpiões e centopeias.

De acordo com a Visão, no estudo é feita uma comparação com dados obtidos durante os anos 70, concluindo que a biomassa destes insectos diminuiu entre 10 a 60 vezes.

Para além da diminuição no número de insectos registado, o estudo revelou ainda “declínios simultâneos em lagartos, sapos e pássaros que comem artrópodes“.

A investigação afirma também existir um outro culpado para a diminuição das populações destes insectos. Em estudos do ano passado sobre o desaparecimento de insectos voadores na Alemanha, foi sugerido que o culpado seria a utilização de pesticidas.

Contudo, este novo estudo concluiu que o culpado teria de ser outro visto que o uso de pesticidas caiu mais de 80% no Porto Rico desde 1969. Neste país, com a diminuição de enormes quantidades de insectos na floresta tropical de El Yunque, também se registou uma diminuição dos seus predadores como os lagartos, pássaros e sapos.

Retirando os pesticidas como os prováveis culpados para o desaparecimento destas populações, os investigadores apontam o aquecimento global como o verdadeiro culpado.

“Nos últimos 30 anos, as temperaturas na floresta aumentaram 2ºC e o nosso estudo indica que o aquecimento do clima é a força por trás do colapso da cadeia alimentar da floresta”, afirmam os investigadores.

O estudo avisa ainda que, caso se confirme a influência das alterações climáticas nos ecossistemas tropicais, os efeitos podem ser muito mais significativos do que aquilo que se previa.

Bradford Lister, um dos autores do estudo e biólogo do Instituto Politécnico de Rensselaer, em Nova York, dedica-se desde os anos 70 à análise dos insectos da floresta tropical de El Yunque.

Entre 1976 e 1977, Bradford deslocou-se à floresta para registar o número de insectos e de predadores existentes. Agora, 40 anos depois, o biólogo regressou à mesma tarefa acompanhado por Andrés García, da Universidade Nacional Autónoma do México.

“Foi logo óbvio mal entrámos naquela floresta. Menos pássaros a voar, as borboletas, antes abundantes, tinham todas desaparecido”, revelaram os investigadores.

Para além dos pássaros, as populações de traças, aranhas e gafanhotos também sofreram uma diminuição. No caso dos lagartos Anolis, existiu um decréscimo de mais de 30%.

Esta diminuição que agora atinge os animais que se alimentam de insectos, poderá chegar nos próximos anos às plantas. Isto porque, sem polinizadores, as plantas não têm como se expandir e, sem florestas tropicais, “será mais uma falha catastrófica em todo o sistema da terra que vai atingir os seres humanos de formas inimagináveis”, afirmam.

ZAP //

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21 Outubro, 2018

Cientistas confirmam que electrões são perfeitamente redondos

CIÊNCIA

DESY/Science Communication Lab

Com uma precisão sem precedentes, cientistas mediram a forma da carga de um electrão confirmando que é extremamente redonda. O resultado apoia o Modelo Padrão das Partículas Física e força a revisão de várias teorias alternativas.

O Modelo Padrão da Física explica como os blocos básicos de construção da matéria interagem através das quatro forças fundamentais sendo um modelo matemático da realidade e, até ao momento, indesmentível.

Porém, é mesmo o facto de ninguém conseguir contradizer o Modelo Padrão que tem intrigado os físicos de todo o mundo.

“O Modelo Padrão, tal como está descrito, não pode estar certo porque não consegue prever por que é que o Universo existe. E isso é uma grande lacuna”, conta o professor na Universidade do Northwestern e membro do ACME Collaboration, Gerald Gabrielse.

De acordo com a Sci-News, para corrigir essa falha do modelo e contrariar o Modelo Padrão, muitos modelos alternativos surgiram que previam que a esfera aparentemente uniforme de um electrão seria, na verdade, assimetricamente esmagada.

Modelos alternativos

A teoria dentro do Modelo Super-simétrico prevê uma partícula parceira para cada partícula no Modelo Padrão para justificar a massa das partículas e diz ainda que as partículas subatómicas pesadas e ainda por detectar influenciam o electrão a alterar a sua forma esférica – num fenómeno ainda não comprovado chamado de “momento do dipolo eléctrico”.

Segundo esta teoria, estas partículas mais pesadas ainda não descobertas podem ser as responsáveis pelos maiores mistérios do Universo e podem até explicar porque é que o Universo é feito de matéria e não de anti-matéria.

“Quase todos os modelos alternativos dizem que a carga de electrões pode muito bem estar a ser esmagada, mas nós não verificamos a hipótese com sensibilidade suficiente. É por isso que decidimos olhar para lá com uma maior precisão”, disse o professor Gabrielse.

O novo estudo

Para o novo estudo, que concluí que os electrões são, de facto, extremamente redondos, os investigadores da ACME dispararam um feixe de moléculas frias de óxido de tório para uma câmara. Depois do disparo, os cientistas estudaram a luz emitida pelas moléculas.

O tipo de luz emitida indicaria aos cientistas a existência, ou não, do “momento do dipolo eléctrico”. Na experiência, a luz, ao não se contorcer sobre ela própria, indicou que a forma dos electrões era, de facto, redonda, confirmando a previsão do Modelo Padrão e atirando por terra todas as outras teorias alternativas como o Modelo Super-simétrico.

A inexistência do “momento do dipolo eléctrico” significou a inexistência das hipotéticas partículas subatómicas pesadas.

Contudo, a investigação publicada dia 17 de Outubro na revista Nature, não exclui por completo a existência dessas partículas – apenas afirma que as suas hipotéticas propriedades diferem daquelas que foram previstas pelos teóricos.

“Se tivéssemos descoberto que a forma não era redonda, essa sim seria a maior notícia da física nas últimas décadas”, revelou o professor Gabrielse. “Mas a nossa descoberta ainda é significativa porque fortalece ainda mais o Modelo Padrão da física de partículas e exclui os modelos alternativos”, acrescenta.

O professor da Universidade de Yale e membro da ACME Collaboration, David DeMille, afirma ainda que “o resultado diz à comunidade científica que precisa de repensar seriamente algumas das teorias alternativas”.

Outro membro da equipa, John Doyle, da Universidade de Harvard acrescentou que a investigação “é um desenvolvimento empolgante para a física de partículas“.

ZAP //

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21 Outubro, 2018

“Piranha” da era dos dinossauros aterrorizou os mares do Jurássico

CIÊNCIA

M. Ebert and T. Nohl

Uma nova espécie de peixe, semelhante a uma piranha e que viveu há 150 milhões, no tempo dos dinossauros, é descrita na edição desta sexta-feira da revista científica Current Biology.

O peixe ósseo tinha dentes como uma piranha, pelo que os investigadores admitem que a espécie os usava como hoje usam as piranhas, para arrancar pedaços de carne de outros peixes, nota a publicação agora divulgada.

A ideia é sustentada, diz-se na revista, no facto de os investigadores terem encontrado as vítimas dessas “piranhas”, peixes que terão sido mordidos. As duas espécies foram encontradas nos mesmos depósitos de calcário do sul da Alemanha, na pedreira de Etting, na região de Solnhofen, na Baviera.

“Temos outros peixes do mesmo local com pedaços de barbatana em falta”, disse David Bellwood, da universidade australiana James Cook.

O investigador considerou haver um “paralelismo incrível” entre esse peixe e as actuais piranhas, que se alimentam predominantemente não de carne mas das barbatanas de outros peixes. “É uma decisão extremamente inteligente pois as barbatanas voltam a crescer, são um recurso renovável. Alimente-se de um peixe e ele está morto, morda-lhe as barbatanas e tem comida para o futuro”, diz David Bellwood.

Um estudo cuidadoso das bem preservadas mandíbulas da espécie fossilizada revelou dentes longos e pontiagudos, um osso formando o céu da boca, na frente das mandíbulas, e dentes triangulares com bordas em serrilha na mandíbula inferior.

O padrão e a forma do dente, a morfologia da mandíbula e a mecânica sugerem uma boca equipada para cortar carne ou barbatanas, segundo a equipa de investigadores.

“Ficámos impressionados que estes peixes tivessem dentes semelhantes a piranhas”, disse Martina Kolbl-Ebert, do museu de Eichstatt (também na Baviera), o Museu de História Natural onde estão expostos os fósseis do campo de Etting.

A responsável acrescentou que o peixe em questão provém de um grupo de peixes, os picnodontídeos, conhecidos por terem dentes fortes.

“É como encontrar uma ovelha que rosna como um lobo. Mas o que é mais impressionante é que era do período jurássico. Peixes como nós os conhecemos, peixes ósseos, simplesmente não mordiam a carne de outros peixes nessa altura” disse Martina Kolbl-Ebert, explicando que ao longo do tempo peixes houve que se alimentaram de outros peixes, que os engoliam inteiros, mas que morder as barbatanas só aconteceu muito mais recentemente.

“A nova descoberta representa o registo mais antigo de um peixe ósseo que mordia os outros peixes, e mais do que isso fazia-o no mar”, disse David Bellwood, lembrando que as piranhas de hoje vivem apenas em água doce.

Tal como nota o Gizmodo, não poderíamos esperar nada menos deste incrível e brutal período da história evolucionária que é o Jurássico.

ZAP // Lusa

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21 Outubro, 2018

Cientistas criam a câmara mais rápida do mundo para captar lasers

CIÊNCIA

INRS

Três cientistas criaram uma tecnologia chamada “Fotografia ultra-rápida compactada de 10 biliões de frames por segundo” (T-CUP). Cem vezes mais rápida que o método de gravação mais rápido anteriormente usado.

Investigadores a trabalhar com lasers avançados realizavam experiências que se desenvolviam demasiado rapidamente para as câmaras actuais conseguirem acompanhar.

Como a necessidade aguça o engenho, os investigadores desenvolveram uma câmara especial 100 vezes mais rápida que o método de gravação mais rápido anterior, combinando dados de filmes com dados de imagens estáticas.

O T-CUP capta a imagem do laser em dois dispositivos: um gravador de movimento e uma câmara que faz uma única exposição da cena. A câmara de filme captura a cena no limite do que lhe é possível detectar e a câmara fotográfica faz uma única foto do movimento inteiro do laser.

Após recolhidos os dados, um computador combina as informações das duas câmaras, usando a imagem estática para preencher as lacunas do filme.

A investigação foi publicada na revista Nature em Agosto e, como resultado, os investigadores conseguiram um vídeo de 450 por 150 pixeis que dura 350 frames.

Jinyang Liang, Liren Zhu, Lihong V. Wang /
Uma imagem do T-CUP revela um pulso de laser de femtossegundo

Anteriormente, os investigadores eram obrigados a repetir a experiência com o laser vezes sem conta à frente da mesma câmara, até esta recolher os diferentes dados necessários para formar um único filme completo.

Essa técnica, agora obsoleta, para além de despender demasiado tempo, não chegava a funcionar para lasers demasiados compridos.

Por ZAP
21 Outubro, 2018

Lâminas de gelo na lua Europa vão dificultar a sua exploração

JPL-Caltech / NASA
A superfície brilhante de Europa, a misteriosa lua de Júpiter

A lua Europa, uma das principais candidatas para procurar vida fora da Terra, tem uma espécie de floresta de lâminas de gelo que pode dificultar a aterragem de veículos espaciais.

Um estudo recente, publicado na Nature Geoscience, refere que nas regiões equatoriais da lua Europa há formações de gelo com cerca de 15 metros de altura que podem dificultar a aterragem de veículos espaciais no futuro.

Ao jornal Público, Daniel Hobley, geomorfologista da Universidade de Cardiff, no Reino Unido, e um dos autores do artigo, explica que, “antes deste trabalho, supúnhamos que a superfície de Europa era gelada, mas que era relativamente uniforme”.

“Não tínhamos boas imagens da superfície, por isso estas suposições baseavam-se no que sabíamos sobre outros planetas e sobre as texturas mais comuns das superfícies de gelo na Terra”, continua o especialista.

Para saber mais sobre a superfície de Europa, a equipa calculou as taxas de sublimação da água gelada ao longo da superfície da lua, comparando-as com outros processos erosivos, como a colisão de objectos astronómicos e o bombardeamento de partículas.

Assim, os cientistas chegaram à conclusão de que, nas regiões equatoriais, a sublimação deve ser o principal processo erosivo e esse processo origina formações de gelo e neve chamadas “penitentes” – autênticas lâminas de gelo ou neve dura que se formam em grupo.

O processo de formação inicia quando a luz do Sol incide na superfície de gelo ou neve. Devido às condições – no deserto na Terra e na lua Europa -, o processo de sublimação começa imediatamente: o gelo passa do estado sólido para o estado gasoso sem se derreter.

Daniel Hobley explicou que os pináculos começam a formar-se se o Sol iluminar o gelo ou a neve todos os dias a meio do dia. “Começarão a ficar mais profundos, uma vez que o solo dessa depressão fica mais quente do que as paredes laterais”, refere, explicando que isso significa “que as lâminas de gelo são separadas por longos fossos lineares, tal como as penitentes que vimos na Terra.”

Estas formações de gelo tornam a lua Europa irregular nas regiões equatoriais.  “Concluímos que uma textura pontiaguda tal como aquela que descrevemos poderá tornar difícil aterrar na superfície de Europa perto do seu equador”, afirma Hobley.

Ainda assim, o cientista mantém esperança e sublinha que nada é impossível.

ZAP //

Por ZAP
21 Outubro, 2018

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