“Síndrome do Inverno.” Investigadores na Antárctida em estado de hibernação psicológica

CIÊNCIA

ESA / IPEV / PNRA–E. Kaimakamis.
A base Concordia

Os investigadores da Antárctida entram em estado de “hibernação psicológica” para lidar com o stress provocado pela escuridão constante e o isolamento típicos do inverno a latitudes extremas.

Passar longos períodos de tempo em isolamento e confinamento em qualquer ambiente causa reacções psicológicas negativas e alterações na saúde. Os investigadores da base da Concordia, na Antárctida, relataram uma variedade de problemas, desde alterações de humor e ansiedade até reacções psiquiátricas mais graves.

Estas mudanças são particularmente evidenciadas durante o período de inverno e refletem os sintomas conhecidos como “síndrome do inverno“.

Com o apoio da Agência Espacial Europeia, cientistas da Universidade de Manchester, no Reino Unido, e da Universidade de Tilburg, na Holanda, examinaram as alterações na qualidade do sono, emoções e estratégias que os investigadores da Antárctida adoptaram durante dois Invernos.

A área em causa tem o clima desértico mais seco da Terra, uma baixa pressão de ar e uma atmosfera muito pobre em oxigénio. No inverno, a temperatura média ronda os -50ºC, sendo que a temperatura mais baixa registada foi de -85ºC.

Através de questionários psicométricos, os cientistas pediram à equipa de investigadores da base Concordia para relatar os seus estados emocionais, sono e estratégias que adoptam para enfrentar esta época o ano.

O estudo, publicado recentemente na Frontiers in Psychology, revela um padrão de deterioração da qualidade do sono e uma diminuição das emoções positivas no inverno, que foram recuperadas assim que o sol começou a brilhar.

Este pormenor surpreendeu os investigadores, que pensaram que os esforços activos para enfrentar este problema, como a resolução de problemas ou o conforto da autoconsciência, diminuíram, dando lugar a esforços passivos como reacções de negação ou depressão.

Os responsáveis pelo estudo ressalvam ainda o facto de as instalações da estação antárctica terem sofrido algumas evoluções, sendo que os investigadores vivem agora com maior conforto. Este facto faz com que este estudo contraste com alguns anteriores, dado que o risco de exposição ao frio era muito maior e os recursos para mitigar o stress era limitados.

Por conseguinte, é provável que os mecanismos que os indivíduos usam para lidar com o stress durante o confinamento a longo prazo nestes locais reflitam as condições em que as pessoas se encontram.

De uma forma geral, esta investigação levanta muitas questões sobre a forma como as pessoas mantêm a sua saúde ao mesmo tempo que vivem neste tipo de condições isoladas. Estes estudos antárcticos são comparáveis ao voo espacial, sendo que este trabalho pode também ajudar a entender a forma ideal de manter os astronautas saudáveis e estáveis em longas missões espaciais.

“As nossas descobertas podem reflectir uma forma de hibernação psicológica. Investigações anteriores sugeriram que este é uma mecanismo de defesa contra o stress crónico”, adianta Nathan Smith, da Universidade de Manchester.

No fundo, o cientista explica que as pessoas sabem que as condições são incontroláveis, mas têm a certeza que, no futuro, as condição melhorarão. Assim, o indivíduo pode optar por reduzir esforços de modo a preservar energia.

ZAP //

Por ZAP
10 Dezembro, 2018

 

Desvendado o mistério da múmia que não se decompõe há 300 anos

CIÊNCIA

Der luftg’selchte Pfarrer in der Pfarrkirche von St. Thomas am Blasenstein

Uma equipa de investigadores alemães desvendou finalmente o mistério da múmia do sacerdote austríaco Franz Xaver Sydler von Rosenegg que não se decompõe desde o século XVIII.

A múmia, posteriormente apelidada de Leather Franzy pelos habitantes locais, causou desde logo alvoroço quando se descobriu que o corpo não se tinha decomposto – apesar de ter sido enterrado em 1746.

Agora, e depois de uma análise de dez meses, os cientistas não só confirmaram a identidade do padre, que viveu no distrito austríaco de St. Thomas am Blasenstein, como descobriram a verdadeira causa da sua morte.

A equipa precisou que o homem era o vigário paroquial Franz Xaver Sydler von Rosenegg, que terá vivido entre 1709 e 1746.

De acordo com os cientistas, o sacerdote terá morrido aos 37 anos vítima de uma hemorragia interna causada por uma tuberculose pulmonar. Até então, acreditava-se que o austríaco tinha morrido de epilepsia, tal como noticia o The Sun.

“O pulmão direito da múmia revelou uma tuberculose avançada e uma hemorragia como as principais causas da morte”, explicaram os cientistas, revelando ainda que as condições em que o sacerdote foi sepultado ajudaram a manter o corpo quase intacto.

“O cadáver do padre estava coberto por pedaços de pano, lascas de madeira e galhos. Depois foi sepultado na cripta, que reunia as condições climáticas adequadas para assegurar que o corpo mumificasse sem se decompor”, desvendaram.

Mas as revelações não ficaram por aqui. A análise conduzida indicou também que o padre estava bem nutrindo, não revelando sinais de ter tido em vida um trabalho fisicamente duro. Escoriações nos seus dentes sugerem, contudo, que o sacerdote era um fumador habitual de cachimbo.

A datação por rádio-carbono de uma amostra de tecido datou a morte entre 1734 e 1780. Já os seus sapatos, foram estimados entre 1670 e 1750. Concluída a investigação, Franzy voltou à sua cripta, onde pode continuar a ser visitado pelo público.

ZAP //

Por ZAP
9 Novembro, 2018

Cientistas descobrem parte do Grand Canyon na Austrália

CIÊNCIA

Hostelworld.com
Grand Canyon, EUA

Uma equipa de investigadores encontrou provas de que, no passado remoto, os territórios da Austrália e dos Estados Unidos teriam estado ligados, fazendo parte de um super-continente.

Apesar de a ilha da Tasmânia, na Austrália, e o Grand Canyon do Arizona, nos Estados Unidos, se situarem a uma distância de milhares de quilómetros, uma equipa de investigadores acaba de confirmar que existe uma conexão geológica entre estas duas regiões.

Segundo o portal Phys.org,há 1,1 mil milhões de anos, estas duas regiões estiveram ligadas dado que pertenciam ambas ao super-continente Rodínia, cuja configuração tem sido objecto de debate no seio do mundo científico há mais de duas décadas.

A equipa de investigadores, liderada pelo cientista Jacob Mulder, encontrou uma estranha semelhança entre as rochas sedimentares do chamado Rocky Cape Group da Tasmânia e as do Unkar Group, localizado no Grand Canyon, no sudoeste dos Estados Unidos.

As rochas da Tasmânia confundiram os cientistas porque “não se assemelhavam” aos seus vizinhos australianos, pertencentes ao período Mesoproterozoico, explicou Mulder. Perante esta inconsistência, a equipa decidiu analisar os grãos minerais de zircónio, que constituem uma pequena proporção das rochas, para descobrir, então, a sua origem.

Esta experiência permitiu aos cientistas concluir que “as rochas do Grand Canyon não só são semelhantes às rochas da Tasmânia, como têm a mesma idade“.

Além disso, os “zircões detríticos presentes nas rochas sedimentares do Grand Canyon também apresentam a mesma estrutura geoquímica que os zircões nas sequências mesoproterozóicas da Tasmânia”, disse o autor do estudo, publicado recentemente na revista Geology.

“Juntas, estas evidências apoiam a tese de que as rochas sedimentares tasmanianas faziam parte do mesmo sistema de bacias mesoproterozóicas que agora estão expostas no Grand Canyon”, confirmou Mulder.

“Concluímos que, embora agora esteja do lado oposto do planeta, a Tasmânia deve ter estado ligada ao oeste dos Estados Unidos no Mesoproterozóico”, acrescentou o especialista.

Mulder defende ainda que  um futuro estudo aprofundado sobre a configuração do super-continente seria crucial para “entender os segredos da Rodínia, que tem permanecido um mistério durante décadas”.

ZAP // Sputnik News

Por SN
6 Novembro, 2018

Mistério da construção das Pirâmides do Egipto pode ter sido finalmente desvendado

CIÊNCIA

Hostelworld.com

As Pirâmides do Egipto são uma beleza arquitectónica e, milhares de anos após a sua construção, continuam envolvidas em mistério. Há muito que os arqueólogos se questionam como é que os antigos egípcios construíram aquela que é a maior pirâmide do mundo, a Grande Pirâmide.

Agora, e de acordo com uma nova descoberta arqueológicas, os especialistas podem finalmente desvendar parte do mistério, percebendo como é que os enormes e massivos blocos de pedra foram movidos.

Uma equipa internacional de cientistas – do Instituto Francês de Arqueologia Oriental (IFAO), no Cairo, e da Universidade de Liverpool, no Reino Unido – detectou os vestígios de um sistema que terá sido utilizado pelos egípcios para construírem as míticas pirâmides. De acordo com os cientistas, o engenho terá sido utilizado para transportar as pedras pesadas de alabastro por uma rampa íngreme.

O que resta do sistema foi encontrado numa antiga pedreira no deserto oriental do Egipto, em Hatnub, local onde os egípcios exploravam o alabastro. Segundo os especialistas, o sistema é datado de há 4.500 anos.

Esta construção milenar foi encontrada numa plataforma inclinada que tinha, em ambos os lados, escadas e aberturas. Nessas aberturas, podiam encaixar-se colunas de madeira, nas quais se podiam enrolar cordas. Posteriormente, os pesados blocos de pedra – alguns com mais de duas toneladas – fixavam-se numa espécie de “trenó” de madeira.

Depois do engenho estar pronto, explicaram os cientistas, os construtores puxavam as cordas, deslocando os blocos através da plataforma com um declive de 20 graus.

“Este sistema é composto de uma rampa central ladeada por duas escadarias com vários buracos”, disse Yannis Gourdon, co-director da expedição arqueológica, ao Live Science.

Roland Enmarch, outro dos arqueólogos que participou na descoberta, explicou ainda que as cordas presas ao trenó funcionavam como um “multiplicador de força”, facilitando a subida do trenó até ao cimo da rampa.a

Anteriormente, os cientistas já pressupunham a existência de construções deste género, contudo, esta é a primeira vez que o engenho é encontrado. “Este tipo de sistema nunca foi descoberto em nenhum outro lugar antes”, disse Gourdon.

Yannis Gourdon/Ifao
Sistema de construção encontrado

Construção contemporânea do reino de Khufu

Gourdon disse ainda que, de acordo com as marcas de ferramentas encontradas e tendo também em conta duas inscrições de Khufu identificadas, os cientistas acreditam que o sistema remonta, pelo menos, ao reinado de Khufu, o construtor da Grande Pirâmide.

“Como este sistema remonta, pelo menos, ao reinado de Khufu, significa que durante o tempo de Khufu, os antigos egípcios sabiam como mover enormes blocos de pedra usando encostas muito íngremes. Portanto, poderiam tê-lo usado para a construção da sua pirâmide”, acrescentou o cientista.

A Grande Pirâmide é a maior das três Pirâmides de Gize, construídas para cada um dos três faraós – Khufu, Khafre e Menkaure. A Pirâmide de Khufu é a maior já construída no Egipto, tendo 146 metros de altura quando foi construída. A erosão e o vandalismo foram diminuindo a sua altura, que está agora em 138 metros.

A Grande Pirâmide é ainda a mais antiga das Sete Maravilhas do Mundo Antigo e a única que permanece quase totalmente intacta. E, milhares de anos depois, as pirâmides continuam a revelar mistérios ainda por resolver.

ZAP // SputinkNews / LiveScience

Por ZAP
3 Novembro, 2018

 

“Piranha” da era dos dinossauros aterrorizou os mares do Jurássico

CIÊNCIA

M. Ebert and T. Nohl

Uma nova espécie de peixe, semelhante a uma piranha e que viveu há 150 milhões, no tempo dos dinossauros, é descrita na edição desta sexta-feira da revista científica Current Biology.

O peixe ósseo tinha dentes como uma piranha, pelo que os investigadores admitem que a espécie os usava como hoje usam as piranhas, para arrancar pedaços de carne de outros peixes, nota a publicação agora divulgada.

A ideia é sustentada, diz-se na revista, no facto de os investigadores terem encontrado as vítimas dessas “piranhas”, peixes que terão sido mordidos. As duas espécies foram encontradas nos mesmos depósitos de calcário do sul da Alemanha, na pedreira de Etting, na região de Solnhofen, na Baviera.

“Temos outros peixes do mesmo local com pedaços de barbatana em falta”, disse David Bellwood, da universidade australiana James Cook.

O investigador considerou haver um “paralelismo incrível” entre esse peixe e as actuais piranhas, que se alimentam predominantemente não de carne mas das barbatanas de outros peixes. “É uma decisão extremamente inteligente pois as barbatanas voltam a crescer, são um recurso renovável. Alimente-se de um peixe e ele está morto, morda-lhe as barbatanas e tem comida para o futuro”, diz David Bellwood.

Um estudo cuidadoso das bem preservadas mandíbulas da espécie fossilizada revelou dentes longos e pontiagudos, um osso formando o céu da boca, na frente das mandíbulas, e dentes triangulares com bordas em serrilha na mandíbula inferior.

O padrão e a forma do dente, a morfologia da mandíbula e a mecânica sugerem uma boca equipada para cortar carne ou barbatanas, segundo a equipa de investigadores.

“Ficámos impressionados que estes peixes tivessem dentes semelhantes a piranhas”, disse Martina Kolbl-Ebert, do museu de Eichstatt (também na Baviera), o Museu de História Natural onde estão expostos os fósseis do campo de Etting.

A responsável acrescentou que o peixe em questão provém de um grupo de peixes, os picnodontídeos, conhecidos por terem dentes fortes.

“É como encontrar uma ovelha que rosna como um lobo. Mas o que é mais impressionante é que era do período jurássico. Peixes como nós os conhecemos, peixes ósseos, simplesmente não mordiam a carne de outros peixes nessa altura” disse Martina Kolbl-Ebert, explicando que ao longo do tempo peixes houve que se alimentaram de outros peixes, que os engoliam inteiros, mas que morder as barbatanas só aconteceu muito mais recentemente.

“A nova descoberta representa o registo mais antigo de um peixe ósseo que mordia os outros peixes, e mais do que isso fazia-o no mar”, disse David Bellwood, lembrando que as piranhas de hoje vivem apenas em água doce.

Tal como nota o Gizmodo, não poderíamos esperar nada menos deste incrível e brutal período da história evolucionária que é o Jurássico.

ZAP // Lusa

Por ZAP
21 Outubro, 2018

Encontrado vestígio de vida animal mais antigo de sempre

CIÊNCIA

Paco Cárdenas
Um retrato subaquático da espécie de Demospongiae moderna Rhabdastrella globostellata, que produz os mesmos esteróides que os pesquisadores encontraram em rochas antigas

Investigadores da Universidade da Califórnia afirmam ter descoberto o vestígio mais antigo de vida animal conhecido, de formas de vida que existiram há mais de 635 milhões de anos.

O estudo publicado esta segunda-feira na revista científica Nature Ecology & Evolution, descreve como a equipa liderada por Gordon Love, do departamento de Ciências da Terra, procurou vestígios moleculares de vida animal da era Neoproterozóica – entre 660 milhões e 635 milhões de anos.

Em rochas e óleos recolhidos em Omã, na Sibéria e na Índia, encontraram um composto esteróide que é produzido pelas esponjas marinhas, uma das primeiras formas de vida animal conhecidas.

Os investigadores consideram demonstrar ainda que já existiam formas de vida animal 100 milhões de anos antes do período Câmbrico, época em que houve uma explosão de quantidade e diversidade de formas de vida.

“Os fósseis moleculares são importantes para estudar os primeiros animais, uma vez que as primeiras esponjas seriam muito pequenas, não teriam esqueleto e não deixariam uma impressão fóssil forte ou até reconhecível”, afirmou Alex Zumberge, um dos autores do estudo.

O bio-marcador que encontraram tem uma estrutura única, e hoje em dia só se encontra sintetizado por certas espécies modernas de esponjas marinhas.

“Este esteróide é a primeira prova que as esponjas, portanto os animais multi-celulares, existiam nos mares da antiguidade pelo menos há 635 milhões de anos“, explicou Zumberge.

ZAP // Lusa

Por Lusa
16 Outubro, 2018

ESTRELA MORIBUNDA “SUSSURRA”

Os três painéis representam momentos antes, durante e depois da ténue super-nova iPTF 14gqr, visível no painel do meio, ter aparecido nas orlas de uma galáxia espiral situada a 920 milhões de anos-luz. A estrela massiva que morreu na super-nova deixou para trás uma estrela de neutrões num sistema binário muito íntimo. Estes densos remanescentes estelares vão, em última análise, espiralar um para o outro e fundir-se numa espectacular explosão, libertando ondas gravitacionais e electromagnéticas.
Crédito: SDSS/Caltech/Keck

Uma equipa de investigadores do Caltech observou a morte peculiar de uma estrela massiva que explodiu como uma super-nova surpreendentemente fraca e que rapidamente desvaneceu. Estas observações sugerem que a estrela tem uma companheira invisível, desvinculando gravitacionalmente a massa da estrela para deixar para trás uma estrela “despida” que explodiu como uma rápida super-nova. Pensa-se que a explosão tenha resultado numa estrela de neutrões moribunda que orbita a sua companheira densa e compacta, sugerindo que, pela primeira vez, os cientistas testemunharam o nascimento de um sistema binário e compacto composto por estrelas de neutrões.

A investigação foi conduzida pelo estudante Kishalay De e está descrita num artigo publicado na edição de 12 de Outubro da revista Science. O trabalho foi feito principalmente no laboratório de Mansi Kasliwal, professora assistente de astronomia. Kasliwal é a investigadora principal do projecto GROWTH (Global Relay of Observatories Watching Transients Happen), liderado pelo Caltech.

Quando uma estrela massiva – com pelo menos oito vezes a massa do Sol – fica sem combustível para queimar no seu núcleo, o núcleo colapsa sobre si próprio e depois rebate para fora numa poderosa explosão chamada super-nova. Depois da explosão, todas as camadas exteriores da estrela foram destruídas, deixando para trás uma densa estrela de neutrões – mais ou menos do tamanho de uma cidade pequena, mas contendo mais massa do que o Sol. Uma colher de chá de uma estrela de neutrões pesaria tanto quanto uma montanha.

Durante uma super-nova, a estrela moribunda repele todo o material nas suas camadas exteriores. Normalmente, corresponde a algumas vezes a massa do Sol. No entanto, o evento que Kasliwal e colegas observaram, denominado iPTF 14gqr, expeliu matéria com apenas um-quinto da massa do Sol.

“Nós observámos o colapso desta estrela massiva, mas vimos uma quantidade notavelmente pequena de massa ejectada,” realça Kasliwal. “Chamamos a isto uma super-nova de invólucro ultra-despojado e há muito que se previa a sua existência. Esta é a primeira vez que vimos, de forma convincente, o colapso do núcleo de uma estrela massiva que está tão desprovida de matéria.”

O facto da estrela sequer ter conseguido explodir implica que devia estar previamente envolvida por uma grande quantidade de material, ou o seu núcleo nunca se teria tornado massivo o suficiente para colapsar. Mas onde estava então a massa perdida?

Os cientistas inferiram que a massa deve ter sido roubada – a estrela deve ter algum tipo de companheira densa e compacta, ou uma anã branca, uma estrela de neutrões ou um buraco negro – suficientemente perto para extrair gravitacionalmente a sua massa antes que explodisse. A estrela de neutrões que ficou para trás, aquando da super-nova, deve então ter nascido em órbita daquela companheira densa. A observação de iPTF 14gqr foi na realidade a observação do nascimento de um sistema binário compacto composto por duas estrelas de neutrões. Dado que esta nova estrela de neutrões e a sua companheira estão tão perto uma da outra, eventualmente fundir-se-ão numa colisão semelhante ao evento de 2017 que produziu tanto ondas gravitacionais como ondas electromagnéticas.

Não só iPTF 14gqr é um evento notável como o facto de sequer ter sido observado foi fortuito, uma vez que estes fenómenos são raros e de curta duração. De facto, foi somente através das observações das fases iniciais da super-nova que os investigadores puderam deduzir as origens da explosão como uma estrela massiva.

“Precisamos de levantamentos de transientes rápidos e uma rede bem coordenada de astrónomos, espalhados pelo mundo, para realmente capturar a fase inicial de uma super-nova,” realça De. “Sem os dados na sua infância, não podíamos ter concluído que a explosão deve ter originado no núcleo em colapso de uma estrela massiva com um invólucro de aproximadamente 500 vezes o raio do Sol.”

O evento foi visto pela primeira vez no Observatório de Palomar como parte do iPTF (intermediate Palomar Transient Factory), um levantamento nocturno do céu que procura eventos cósmicos transitórios, ou de curta duração, como super-novas. Dado que o levantamento iPTF mantém um olhar tão atento no céu, iPTF 14gqr foi observado nas primeiras horas após a explosão. À medida que a Terra girava e o telescópio Palomar se movia para fora do campo de observação, os astrónomos de todo o mundo colaboraram para monitorizar iPTF 14gqr, observando continuamente a sua evolução com uma série de telescópios que hoje formam a rede GROWTH de observatórios.

O Complexo Transiente Zwicky, o sucessor do iPTF no Observatório Palomar, está a examinar o céu de forma ainda mais ampla e frequente na esperança de capturar mais destes eventos raros, que representam apenas 1% de todas as explosões observadas. Estes levantamentos, em parceria com redes de acompanhamento coordenado como o GROWTH, permitirá que os astrónomos entendam melhor como os sistemas binários evoluem a partir de estrelas binárias massivas.

Astronomia On-line
16 de Outubro de 2018

Cristais líquidos podem ter tido um papel importante na origem da vida

CIÊNCIA

(dr) American Chemical Society

Os cristais líquidos, presentes nos ecrãs electrónicos, podem ter tido um papel muito mais antigo: ajudar a reunir as primeiras biomoléculas do planeta Terra.

De acordo com a agência Europa Press, que cita o estudo publicado esta quarta-feira na ACS Nano, a equipa de investigadores descobriu que as moléculas de ARN curtas podem formar cristais líquidos que estimulam o crescimento de correntes mais longas.

Os cientistas têm especulado que a vida na Terra se originou num “mundo de ARN”, onde este ácido ribonucleico cumpria a dupla função de transportar informação genética e conduzir o metabolismo antes do surgimento do ADN ou das proteínas.

De facto, os investigadores descobriram cadeias catalíticas de ARN, ou “ribozimas”, nos genomas modernos. As ribozimas conhecidas têm um comprimento de aproximadamente 16-150 nucleotídeos, então, surge a questão: como é que essas sequências foram reunidas num mundo primordial sem ribozimas ou proteínas existentes?

Tommaso Bellini, da Universidade de Milão, em Itália, e os restantes colegas questionaram-se se os cristais líquidos poderiam ajudar a guiar os precursores de ARN curtos para formar correntes mais longas.

Para perceber isso, a equipa explorou diferentes cenários em que os ARN curtos poderiam “auto-reunir-se” e descobriram que, em altas concentrações, as sequências curtas de ARN (de 6 ou 12 nucleotídeos de comprimento) são sequenciadas espontaneamente em fases de cristal líquido.

Os cristais líquidos formaram-se ainda mais facilmente quando os investigadores adicionaram iões de magnésio, que estabilizaram os cristais, ou polietilenoglicol, que sequestrou o ARN em micro-domínios altamente concentrados.

Uma vez que os ARN foram mantidos juntos em cristais líquidos, um activador químico poderia unir eficientemente as suas extremidades em cadeias muito mais longas. Essa disposição também ajudou a evitar a formação de ARN circulares que não podiam alongar-se mais.

Os investigadores assinalam que o polietilenoglicol e o activador químico não seriam encontrados em condições primordiais, mas dizem que outras espécies moleculares podem ter desempenhado funções similares, mas menos eficientes.

ZAP //

Por ZAP
7 Outubro, 2018

Tempestade cósmica refuta teoria sobre declínio de antigo reino asiático

NASA / JPL-Caltech

Uma equipa de investigadores detalhou com mais precisão os chamados “acontecimentos Miyake” – nome atribuído aos grandes desastres espaciais, associados a erupções vulcânicas, meteoros em queda e explosões solares – que deixam rastos em anéis de árvores.

De acordo com um novo estudo, publicado no início do mês de Setembro na revista Nature, a descoberta pode ajudar a determinar exactamente a idade de um achado arqueológico e provar ou refutar uma hipótese histórica. A técnica permitiu ainda esclarecer o mistério do declínio de um antigo reino asiático.

Os cientistas escrevem na publicação que houve um poderoso surto de actividade solar no ano de 774 que desencadeou uma tempestade de protões. Este surto descreve um incrível aumento dos raios cósmicos que atingiram a Terra na época – uma espécie de tormenta cósmica.

Estas partículas subatómicas de alta energia penetraram na atmosfera terrestre e desencadearam uma série de reacções que aumentaram os níveis de carbono 14. Este, ao ser absorvido pelas árvores durante a fotossíntese, acabou por se depositar nos seus anéis de crescimento – deixando um evidente “rasto”.

Este fenómeno foi descoberto em 2012 pela investigadora Fusa Miyake que detectou traços do fenómeno em restos de árvores em diferentes países. A cientista acabou ainda por apelidar estes eventos cósmicos.

Afinal, não foi uma erupção vulcânica

Na nova investigação, os cientistas partiram dos “acontecimento de Miyake” para esclarecer como é que o antigo reino de Balhae, localizado na Manchúria e no norte da península coreana, acabou por ruir em meados de 926, segundo apontam as crónicas.

A versão comummente aceite sugere que o reino teria entrado em declínio devido à erupção do Monte Paektu, cuja data exacta era até então desconhecida.

Para esclarecer o mistério do reino asiático, os cientistas submeteram um pinheiro enterrado sob as cinzas do vulcão à análise de radio-carbono, determinando que a árvore morreu entre os anos 920 e 950. De acordo com os cientistas, a árvore viveu 264 anos. E, por isso, os investigadores deduziram que a planta ainda estava viva em 774 – ano em que se deu a tempestade cósmica.

Depois, a contagem dos anéis determinou que a árvore morreu exactamente em 946, deduzindo-se que a erupção vulcânica ocorreu nesse ano. Após a erupção vulcânica, não podia restar mais nada de Balhae e, por isso, a equipa concluiu que a queda desta civilização não pode estar associada à erupção vulcânica do Monte Paektu.

Ou seja, a erupção vulcânica (946) deu-se após a queda do reino (em meados de 926). A nova investigação não aponta o que terá levado ao declínio do antigo reino mas descarta a hipótese de que terá sido um vulcão.

ZAP // RT

Por ZAP
26 Setembro, 2018

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Misteriosos organismos marinhos podem estar a encher o céu de nuvens

CIÊNCIA

(CC0/PD) waqutiar / pixabay

Segundo um novo estudo, algumas algas marinhas microscópicas poderão estar a ter um papel importante e activo na formação de nuvens sobre os oceanos.

Numa investigação publicada na revista iScience a 15 de agosto, investigadores acreditam que uma espécie unicelular de alga – Emiliana Huxleyi – pode ser responsável pela criação dessas partículas que “semeiam” as nuvens.

As nuvens são criadas quando gotas de água microscópicas condensam na superfície de outras partículas microscópicas. Estas partículas podem ser solúveis como os cristais de sal ou insolúveis como partículas de poeiras.

Este fitoplâncton, omnipresente em todos os oceanos, é destruído a partir do interior através de um vírus comum e as suas remanescências formam partículas insolúveis nas quais as gotículas de água se condensam na atmosfera.

As remanescências deste fitoplâncton são uma espécie de “carapaça” dura que é constituída por cerca de 30 escamas de calcite que se designam por cocólitos (cuja dimensão é da ordem dos três micrómetros).

Quando as condições são as mais adequadas, esta alga floresce e multiplica-se e, mesmo sendo de tamanho microscópico, consegue colorir os mares com um tom turquesa brilhante.

Quando esta alga morre, a maioria dos cocólitos acaba como parte do sedimento do fundo do oceano, e estima-se que estes organismos sejam responsáveis pela deposição de cerca de 1,5 milhões de toneladas de calcite nos oceanos por ano.

Contudo, nem todos os cocólitos vão para ao fundo dos oceanos. Existem vestígios de cocólitos em pulverizadores marítimos, levados pela rebentação marítima ou pelas bolhas na água.

Os aerossóis de pulverização marítima desempenham um importante papel na regulação do clima terrestre, e a presença deste fitoplâncton aumenta o número de gotas de nuvens sobre o oceano.

Alison R. Taylor, USCWM / Wikimedia
Emiliana Huxleyi, organismo marinho unicelular que produz escaras de carbonato de cálcio (cocólitos)

Na análise, os investigadores do Instituto Weizmann de Ciência da Universidade de Rehovot, em Israel, infectaram metade de uma população de Emiliana Huxleyi com um vírus que frequentemente as infecta na natureza. A outra metade da população foi utilizada como controlo, sendo mantida livre deste vírus.

Inicialmente, cada milímetro da água continha 20 milhões de cocólitos. Passados apenas cinco dias, este número mais que triplicou nas algas infectadas em comparação com a população que serviu de controlo.

O passo seguinte na investigação foi utilizar bolhas para imitar a agitação natural dos oceanos, que cria o pulverizador marítimo. Nesta fase, havia dez vezes mais cocólitos no ar das algas infetadas do que nas algas que serviram para controlo.

Segundo os investigadores, a diminuta dimensão e peso dos cocólitos faz com que estes se mantenham no ar durante muito mais tempo, caindo “25 vezes mais devagar do que as partículas de sal marinho com a mesma dimensão”.

Isto significa que, em condições onde partículas mais pesadas podem cair, os fragmentos dos cocólitos não o fazem, concentrando-se no ar e influenciando a formação de nuvens.

Por ZAP
18 Setembro, 2018

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Os mundos de água podem suportar vida alienígena

CIÊNCIA

NASA/JPL-Caltech

Investigadores da Universidade de Chicago e da Pensilvânia, nos Estados Unidos, sugerem que os “mundos de água” podem mesmo suportar vida extraterrestre – apesar de os cientistas assumirem até então que é bastante improvável. 

A comunidade científica tem assumido que os planetas de água – mundos totalmente cobertos por oceanos profundos – são hostis à vida, uma vez que não permitem o ciclo de minerais e gases que mantêm o clima da Terra estável.

No entanto, um novo estudo publicado no dia 31 de Agosto no The Astrophysical Journal, afirma o contrário, sugerindo que os planetas oceânicos podem sustentar vida. Quanto ao tempo em que a vida seria possível, dependeria das condições do planeta.

Nas últimas duas décadas, os cientistas descobriram milhares de exoplanetas, muitos dos quais rochosos e na chamada “zona habitável” das suas estrelas-mãe. Apesar das descobertas, os investigadores não conhecem todas as condições de habitabilidade porque, até agora, só conhecemos um mundo habitável – a Terra.

Muitas vezes, os cientistas usam o clima da Terra para entender de que forma é que os planetas em geral poderiam manter as suas condições climatéricas estáveis por milhões ou biliões de anos – tempo suficiente para que a vida se conseguisse manter.

Condições necessárias

A nova pesquisa, baseada em mais de 1.000 simulações com exoplanetas, sugere que os planetas de água poderiam ser habitáveis se satisfizessem certas condições.

Segundo o estudo, os planetas precisariam de ter uma certa quantidade de carbono – elemento no qual a vida na Terra é baseada. Além disso, o exoplaneta iria precisar de muita água no início da sua formação bem como, ter capacidade de alternar entre a atmosfera e o oceano para estabilizar o seu sistema.

A estas condições soma-se a necessidade de o planeta manter os seus elementos e minerais originais, em vez de os dissolver no oceano e retirar o carbono da atmosfera.

“Isto realmente muda a ideia de que é necessário um clone da Terra – isto é, um planeta com alguma terra e um oceano raso [para sustentar vida]”, disse o autor principal do estudo Edwin Kite, geofísico da Universidade de Chicago.

De acordo com Kite, e enquanto a equipa conduzia simulações para encontrar planetas que orbitam à volta de estrelas semelhantes ao Sol, cresceu o optimismo relativamente à procura de estrelas anãs vermelhas – outro ponto importante na procura de vida extraterrestre.

As anãs vermelhas são mais fracas do que o Sol mas, se o planetas estiverem próximos o suficiente da estrela, podem, em teoria, ter água na sua superfície e encontrar as condições necessárias para a habitabilidade. No entanto, importa referir que estas estrelas são extremamente variáveis, podendo enviar radiações fatais para os seus planetas.

A quantidade certa de carbono, poucos elementos e cristais da crosta dissolvidos no oceano e a luz constante de uma estrela são os elementos necessários para que um mundo de água possa sustentar vida – e se possa juntar ao “pódio da habitabilidade” da Terra.

Por ZAP
14 Setembro, 2018

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“Migrantes climáticos” podem ser mais de 200 milhões no século XXI

(CC0/PD) josealbafotos / pixabay

As alterações climáticas podem forçar a deslocação de 120 milhões de pessoas em idade activa e suas famílias, num total de 200 milhões, ao longo do século XXI, mas menos de 20% serão migrações internacionais.

A conclusão é de um estudo dos investigadores Frederic Docquier, Michael Burzynskia, Christoph Deusterce e Jim de Melo, que foi esta quinta-feira apresentado num seminário promovido pelo Centro NOVAFRICA, da Nova SBE (Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa), em Carcavelos.

O estudo analisa os efeitos de longo prazo das alterações climáticas sobre as migrações laborais, sendo incluídos nos diferentes países (145 países em desenvolvimento mais 34 do grupo da OCDE) factores como o efeito do aumento das temperaturas e da subida do nível do mar, o crescimento demográfico e populacional, decisões educativas, desigualdade salarial, pobreza extrema e decisões de mobilidade.

Os modelos matemáticos criados pelos investigadores revelam que as alterações climáticas têm efeitos limitado nas taxas de emigração e imigração internacionais, mesmo nos cenários mais extremos, demonstrando que a migração internacional é uma estratégia de adaptação dispendiosa, e por isso mesmo, de último recurso.

Num cenário climático moderado (considerando um aumento de dois graus centígrados e subida de um metro no nível do mar), os cientistas prevêem deslocações forçadas e voluntárias de cerca de 200 milhões de pessoas, dos quais só 19% irão optar por uma migração de longo distância, para um dos países desenvolvidos da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico).

“Estas condições são favoráveis ao aumento da mobilidade internacional dos trabalhadores”, escrevem os autores, acrescentando que com as actuais leis e políticas migratórias, os migrantes climáticos tenderão a deslocar-se mais no interior dos seus próprios países do que atravessando fronteiras.

As alterações climáticas deverão também aumentar a diferença de rendimentos entre os países mais pobres e os mais ricos em 25%, influenciar a pobreza extrema e forçar milhões de adultos a fugir das áreas onde vivem inundadas.

Outros factores como perdas directas de serviços públicos ou conflitos sobre recursos vão também determinar o maior ou menor fluxo de migrações internas ou internacionais, embora estes mecanismos sejam mais difíceis de quantificar, salientam.

Os migrantes são sobretudo originários de países que menos contribuíram para as alterações climáticas, mas mais vão sofrer os seus efeitos, incluindo países africanos como Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Moçambique.

O estudo realça que as alterações climáticas exigem “mais coerência entre políticas de migração, desenvolvimento e ambientais” e acrescenta que “são necessárias medidas preventivas para encorajar a adaptação às alterações climáticas, redução do risco de desastres a nível local, desenvolvimento sustentável em geral e desenvolvimento urbano sustentável em particular”, sobretudo nos países mais pobres, onde as pessoas têm também menos mobilidade devido às dificuldades financeiras.

ZAP // Lusa

Por Lusa
13 Setembro, 2018

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Humanos levaram milhares de anos a extinguir as aves-elefante

Faziam parte da megafauna que habitou Madagáscar durante milhares de anos. Pesavam meia tonelada, atingiam três metros de altura e já eram caçadas pelo homem há 10 mil anos, o que levou a uma revisão radical das estimativas do início da presença humana na ilha

Durante milhares de anos, a ilha de Madagáscar foi o habitat de uma megafauna – hoje integralmente extinta – onde se incluíam lémures e tartarugas gigantes, hipopótamos e dois géneros distintos de “aves elefantes”, incapazes de voar, de uma família intitulada Aepyornithidae. A maior, a Aepyornis, chegava à meia tonelada de peso e aos três metros de altura, pondo ovos maiores do que os dos dinossauros, com um volume 160 vezes superior aos das galinhas. Extinguiu-se há pouco mais de mil anos. A segunda, Mulleronis, pesava cerca de 150 quilos. Os restos mortais mais recentes foram datados de meados do século XIII. Ambas eram caçadas pelo homem. Mas, agora, descobriu-se que isso já acontecia há muito mais tempo do que se suspeitava.

De acordo com um estudo publicado na revista científica Advances Science Mag, investigadores de Madagáscar, Estados Unidos e Reino Unido descobriram sinais de acção humana em ossadas de aves-elefante datadas de há 10.500 anos, incluindo “marcas de corte e fracturas consistentes com imobilização e desmembramento”. Uma descoberta que obrigará os cientistas a reavaliarem toda a dinâmica da extinção da megafauna da ilha, da intervenção humana nesse processo e da própria colonização humana do território.

Com base em investigações anteriores, estimava-se que a presença humana na ilha tivesse começado há cerca de 2500 anos. Ou seja: seis mil anos mais tarde do que agora é revelado. Acreditava-se, igualmente, que esta presença tivesse ditado a extinção relativamente rápida de todos os “gigantes” da ilha. Mas, ao serem encontrados vestígios tão antigos da caça destes animais, as evidências mostram agora que esta actividade não terá impedido a coexistência entre o homem e a megafauna durante largos milhares de anos.

Diário de Notícias
Pedro Sousa Tavares
13 Setembro 2018 — 10:53

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Cientistas americanos desenvolvem o metal mais resistente do mundo

CIÊNCIA

(PPD/P0) JarkkoManty / Pixabay

Uma equipa de investigadores dos Laboratórios Nacionais Sandia, nos Estados Unidos, diz ter desenvolvido o “metal mais resistente ao desgaste no mundo” – uma liga de platina e ouro baseada na junção de micro estruturas.

Cem vezes mais durável do que o aço, o novo composto, ainda sem nome, foi feito com 90% de platina e 10% de ouro. A inovação está nas proporções, no cálculo dos átomos e no processo de fabricação que os cientistas utilizaram para conseguir a alta resistência.

O investigador principal, o uruguaio Nicolás Argibay, disse em declarações à agência Efe que a equipa se dedicou durante uma década para desenvolver modelos sofisticados para prever os efeitos do atrito nos metais.

Para exemplificar a durabilidade do material, Argibay disse que a liga de metais é tão dura que, se fossem fabricados pneus para automóveis com a partir da liga, este sofreriam um desgaste de uma pequena camada de átomos por cada quilómetro realizado.

“O nosso trabalho mostra que há formas de adaptar as micro estruturas dos metais para dividir uma notável resistência mecânica e ao desgaste. Especificamente, chamamos este processo de ‘engenharia de limite de grão”, afirmou.

Argibay explicou que esta descoberta pode poupar à indústria mais de 100 milhões dólares por ano só em materiais, fazendo também com que os produtos electrónicos de todos os tamanhos e de várias indústrias se tornem mais rentáveis, duráveis e confiáveis.

“Pelo menos, esperamos que estas ligas de metais proporcionem uma melhoria substancial nos revestimentos que já são usados amplamente na electrónica, que essencialmente consistem em ouro quase puro. A nossa liga de metais proporciona uma vida útil muito mais longa”, acrescentou o investigador.

O cientista também explicou que a inovação pode ter usos muito amplos: visa transferir a liga de metais de platina e ouro a uma variedade de produtos comerciais a curto prazo. “Esperamos que este trabalho possa dar origem a outras ligas de metais com propriedades semelhantes para o uso em aplicações não eléctricas. Por exemplo, engrenagens, motores de automóveis”, sustentou.

De acordo com o Argibay, desde sistemas aeroespaciais e turbinas eólicas até à micro electrónica para telefones telemóveis e sistemas de radar podem beneficiar com o novo material criado, já que foram tidas em conta as limitações actuais de confiabilidade dos componentes micro electrónicos metálicos.

“Este trabalho tem um potencial significativo para o impacto económico e para a engenharia. Esperamos que possa levar a melhorias radicais na confiabilidade e no rendimento para uma ampla gama de dispositivos comerciais”.

A liga de metais conta com uma excelente estabilidade mecânica e térmica, e quase não apresenta mudanças na sua micro estrutura face a períodos muito longos de atrito e, por isso, foi catalogada como uma “grande descoberta”.

ZAP // Efe

Por EFE
9 Setembro, 2018

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Encontrados vestígios de queijo produzido há 7.200 anos no Mediterrâneo

CIÊNCIA

(dr) Sibenik City Museum

Cientistas encontraram resíduos em cerâmica com 7.200 anos, em dois sítios arqueológicos na Croácia, que indicam que a produção de queijos no Mediterrâneo começou antes do que se pensava.

Esta descoberta altera a linha do tempo da agricultura nesta região, com os produtos lácteos fermentados a serem feitos apenas cinco séculos depois de o leite ter sido armazenado pela primeira vez. Segundo o Science Alert, esta inovação pode ter sido mais do que um avanço gastronómico, mas sim um verdadeiro salva-vidas.

A equipa de investigadores dos EUA, Reino Unido e Croácia analisou estes fragmentos de cerâmica, encontrados em dois locais neolíticos na Croácia, para tentar perceber quais eram os alimentos que se encontravam no seu interior.

Os dados arqueológicos mostram que as pessoas cultivavam e faziam criação de gado no Mediterrâneo há cerca de oito mil anos. Os investigadores já sabiam que a cerâmica era usada para armazenar leite, um passo importante para ajudar a superar tempos difíceis em que a comida era escassa. Muitos adultos seriam intolerantes à lactose, mesmo assim, o leite ainda servia para alimentar crianças pequenas.

“Vemos o primeiro uso do leite, que era provavelmente recolhido para as crianças por ser uma boa fonte de hidratação e por ser relativamente livre de agente patogénicos”, explica a autora do estudo Sarah McClure, da Universidade Estadual da Pensilvânia. “Não seria surpreendente que os adultos dessem leite de outros mamíferos às crianças”, nota.

A análise dos isótopos de carbono na superfície interna de fragmentos de cerâmica mostrou, porém, que muitos foram usados para armazenar não só produtos lácteos, mas também lacticínios de uma variedade mais fermentada, tal como queijo e iogurte.

A análise de sementes e ossos nos arredores indicou que esses fragmentos de cerâmica tinham cerca de 7.200 anos, colocando-os entre os mais antigos exemplares encontrados de recipientes de produção de queijo no mundo.

“Esta é a mais antiga evidência documentada de resíduos para lacticínios fermentados na região do Mediterrâneo, e está entre os mais antigos documentados em qualquer lugar até hoje”, escrevem os investigadores no artigo publicado na revista científica PLOS ONE.

A produção deste alimento representou um passo significativo no avanço da cultura humana. Transformar o leite em queijo diminuiu a lactose de forma a que os adultos também o pudessem comer, fornecendo uma fonte nutritiva de alimento.

De acordo com a agência de notícias espanhola Europa Press, os investigadores sugerem que tanto o leite como o queijo, assim como os utensílios de cerâmica associados à sua produção, ajudaram a reduzir a mortalidade infantil e a estimular as alterações demográficas que impulsionaram as comunidades agrícolas a expandir-se para norte.

Embora a investigação tenha revelado a evidência mais antiga da produção deste alimento na região do Mediterrâneo, o queijo mais antigo do mundo já descoberto até agora foi encontrado numa sepultura egípcia com 3.200 anos.

ZAP //

Por ZAP
8 Setembro, 2018

[aviso] (Foram corrigidos 2 erros ortográficos ao texto original. e um deles, foi da palavra “laticínios”, quando três palavras antes se escreve “lácteos”. Interessante esta “ortografia”…) [/aviso]

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