“O tempo está a esgotar-se”. David Attenborough prevê “colapso da civilização”

CIÊNCIA

Foreign and Commonwealth Office / Flickr

Se os governos nada fizerem, a civilização e o mundo natural estão em risco de colapsar. O alerta foi feito pelo naturalista britânico, David Attenborough, durante a Cimeira do Clima que decorreu na Polónia na segunda-feira.

“Neste momento, estamos a assistir a um desastre global, feito pelo homem, e que é a maior ameaça que enfrentámos em milhares de anos: as alterações climáticas”, disse o britânico de 92 anos. “Se não fizermos nada, o colapso da nossa civilização e de boa parte do mundo natural está no horizonte.”

David Attenborough, apresentador e narrador de programas sobre a vida selvagem da BBC, foi escolhido para representar a voz das pessoas do mundo na 24ª Cimeira da ONU para o Clima (COP24). Um dos principais objectivos da conferência é encontrar formas de aplicar o Acordo de Paris, celebrado em 2015.

A forma encontrada pelas Nações Unidas para dar voz aos anónimos foi, dias antes do arranque da conferência, pedir a pessoas de todo o mundo que enviassem as suas mensagens para que estas pudessem ser apresentadas aos cerca de 200 representantes de governo reunidos na Polónia.

Foi através de uma montagem, segundo o Observador, que a plateia assistiu às mensagens vindas de todos os cantos do planeta. “Não vêm o que se passa à vossa volta?”, pergunta uma jovem. “Já estamos a ver o impacto das alterações climáticas na China”, diz outra. “Isto costumava ser a minha casa”, diz outra, apontando para ruínas queimadas pelo fogo.

Nesta montagem são também apontados números: 95% dos inquiridos dizem já ter vivenciado de alguma forma as alterações climáticas, enquanto dois terços concluem que esta é a maior ameaça que o mundo enfrenta.

“As pessoas do mundo falaram: o tempo está a esgotar-se. Elas querem que vocês, os tomadores de decisão, ajam agora. Líderes do mundo, vocês têm de liderar. A continuação da civilização e do mundo natural, do qual nós dependemos, está nas vossas mãos”, concluiu Attenbrough na sua apresentação.

A COP24 decorre até dia 14 de Dezembro em Katovice. As novas tecnologias favoráveis ao clima, a população como líder da mudança e o papel da floresta são os temas centrais que a Polónia quer ver discutidos na reunião mundial do clima que começou no domingo.

ZAP // Live Science

Por ZAP
5 Dezembro, 2018

 

O fundo do mar está a dissolver-se (e a culpa é dos humanos)

CIÊNCIA

Dimitris Siskopoulos / Flickr

As mesmas emissões de gases de efeito estufa que estão a causar mudanças climáticas no planeta estão também a fazer com que fundo do mar se dissolva cada vez mais rápido, de acordo com um novo estudo.

O oceano é o que é conhecido como o esgoto de carbono, uma vez que absorve carbono da atmosfera e este carbono acidifica a água. Nas profundezas do oceano, onde a pressão é alta, a água do mar acidificada reage com o carbonato de cálcio, originário das criaturas mortas. A reacção neutraliza o carbono, criando bicarbonato.

Ao longo dos milénios, esta reacção tem sido uma forma prática de armazenar carbono sem prejudicar a química do oceano. Mas, como os humanos queimam combustíveis fósseis, cada vez mais carbono tem acabado por se acumular no oceano. De acordo com a NASA, cerca de 48% do excesso de carbono que os seres humanos enviaram para a atmosfera foram bloqueados nos oceanos.

Todo esse carbono leva a oceanos mais ácidos, o que significa uma dissolução mais rápida do carbonato de cálcio no fundo do mar. Investigadores liderados pelo cientista oceânico Robert Key estimaram a provável taxa de dissolução em todo o mundo, usando a corrente de água, medições de carbonato de cálcio em sedimentos do fundo do mar e outros métricas-chave como a salinidade do oceano e a temperatura.

Os resultados, publicados a 29 de Outubro na revista Proceedings of The National Academy of Sciences, foram uma mistura de boas e más notícias. A boa notícia era que a maioria das áreas dos oceanos ainda não mostrava uma diferença dramática na taxa de dissolução de carbonato de cálcio antes e depois da revolução industrial.

No entanto, existem vários locais onde as emissões de carbono causadas pelo homem estão a fazer uma grande diferença. O maior ponto crítico é o Atlântico Norte ocidental, onde o carbono é responsável por entre 40 e 100% de carbonato de cálcio dissolvido. Há outros pequenos pontos críticos, no Oceano Índico e no Atlântico Sul, onde os depósitos de carbono e rápidas correntes aceleram a taxa de dissolução.

O Atlântico Norte ocidental é o local onde a camada do oceano sem carbonato de cálcio subiu 300 metros. Essa profundidade ocorre quando o carbonato de cálcio proveniente de animais mortos é anulado pela acidez do oceano. Abaixo dessa linha, não há acumulação de carbonato de cálcio.

O aumento na profundidade indica que agora que há mais carbono no oceano, as reacções de dissolução estão a ocorrer mais rapidamente e em profundidades menores.

“A destruição química de sedimentos ricos em carbonatos já depositados já começou e vai intensificar-se e espalhar-se por vastas áreas do leito marinho durante as próximas décadas e séculos, alterando o registo geológico do fundo do mar“, escreveu Key.

Os cientistas ainda não sabem o que essa alteração no fundo do mar significará para as criaturas que vivem nas profundezas, mas futuros geólogos poderão ver mudanças climáticas provocadas pelo Homem nas rochas eventualmente formadas pelo leito oceânico da actualidade.

ZAP // Live Science

Por ZAP
7 Novembro, 2018

Submarino nazi com toneladas de mercúrio ameaça o mar na Noruega

DESTAQUES

A 9 de Fevereiro de 1945, nos últimos meses da Segunda Guerra Mundial, o submarino alemão U-864 navegava pela costa oeste da Noruega carregado de matérias-primas para fabricar equipamento bélico – incluindo chumbo, aço e 65 toneladas de mercúrio.

A missão do U-864, chamada Operação César, era chegar até ao Japão, país aliado da Alemanha, com o objectivo de fortalecer o arsenal japonês na 2ª Guerra Mundial. A tripulação do submarino era de 73 pessoas, incluindo cientistas que trabalhavam para o regime nazi, e que iriam passar o seu conhecimento aos japoneses.

Mas a operação fracassou.

Um submarino britânico, o HMS Venturer, conseguiu interceptar o U-864 e torpedeou-o. Todos os ocupantes morreram.  O ataque entrou para a história como o único episódio da guerra em que um submarino submerso conseguiu destruir outro que também estava no fundo do mar.

Em 2003, passados 58 anos, a Marinha norueguesa encontrou os destroços do U-864, a duas milhas náuticas de distância da ilha Fedje. E a descoberta trouxe preocupações para as autoridades do país.

O submarino, cujos destroços estão a 150 metros de profundidade, está fendido em duas partes, na proa e na popa, e diversos fragmentos da embarcação repousam à volta. Agora, as autoridades norueguesas discutem qual é a melhor forma de lidar com o risco de contaminação trazido pela carga de mercúrio que ainda está no interior do U-864.

Kystverket / Norwegian Coastal Administration
Imagens captadas por sondas mostram que o U-864 está a 150 metros de profundidade

Nos anos após a descoberta dos destroços, estudos indicaram que a concentração de mercúrio nas proximidades do submarino estava acima de limites aceitáveis. Em 2005, a Autoridade de Segurança Alimentar norueguesa recomendou que crianças e mulheres grávidas não comessem alimentos que tivessem sido pescados naquela região.

Um estudo do Instituto Nacional de Investigação sobre Nutrição e Alimentos Marinhos concluiu que os peixes que tinham sido expostos a sedimentos da zona em que o submarino se encontra tinham níveis de mercúrio quatro vezes mais altos que os peixes de outras áreas da costa norueguesa.

Em 2014, a Administração Costeira da Noruega levantou outra preocupação: remover os destroços do submarino faria com que o material tóxico se espalhasse. Para evitar que o submarino se movesse durante eventuais tremores no leito marinho, foram lançados sobre os destroços 100.000 m3 de areia e rochas, para estabilizar a área.

As autoridades norueguesas decidiram agora que cobrir o submarino é a solução mais segura e ambientalmente correcta. Segundo comunicado recente do Ministério dos Transportes do país, será lançado sobre os destroços uma espécie de “cobertor” com uma área de 47.000 m2.

Se tudo correr bem, a cobertura estará concluída até 2020, “para proteger os destroços, os sedimentos contaminados e uma zona de transição de 17.000 m2“. O objectivo é conter o mortífero legado – que poderia desencadear um dos piores desastres ecológicos de sempre no Mar do Norte.

ZAP // BBC

Por CC
29 Outubro, 2018

Cientistas já sabem como alimentar 10 mil milhões de pessoas de forma sustentável até 2050

Stegerding / Flickr

Investigadores identificaram as melhorias que o planeta precisa para alimentar de forma sustentável a população humana em expansão.

“Sem uma acção eficaz, os impactos ambientais do sistema alimentar podem aumentar entre 50% a 90% até 2050”, afirmou Marco Springmann, especialista em sustentabilidade ambiental e saúde pública da Universidade de Oxford que liderou a pesquisa.

“Nesse caso, todas as fronteiras planetárias relacionadas com a produção de alimentos seriam superadas, algumas delas em mais do dobro”, acrescentou à Discover Magazine.

Segundo o estudo publicado a 10 de Outubro na revista Nature, a população terrestre aumentará tanto nos próximos 30 anos que esgotará a capacidade do planeta para cultivar alimentos suficientes.

À medida que as nações em crescimento começarem a comer mais – como já acontece no mundo ocidental – haverá uma intensificação dos impactos ambientais.

O sistema alimentar global estimula as mudança climatéricas, altera as paisagens e impulsiona a escassez de recursos.

Para tentar reverter o panorama futuro, Springmann estudou as opções possíveis para evitar uma crise mundial.

Para isso, Springmann e os seus colegas investigadores construíram um modelo para entender o impacto do sistema alimentar nos cinco principais sectores ambientais: emissões de gases de efeito de estufa, uso de terras agrícolas, uso de água doce e aplicações de nitrogénio e de fósforo.

O modelo criado pelos investigadores recria a produção de alimentos, o processamento e as necessidade de alimentação para 62 produtos agrícolas de 159 países, juntamente com pegadas ambientais específicas de cada país.

Panorama e situação actual

De acordo com a equipa, em 2010, o sistema mundial de alimentos emitiu cerca de 5,2 mil milhões de toneladas de dióxido de carbono e ocupou cerca de 12,6 milhões de quilómetros quadrados de terras cultivadas (uma área maior do que os EUA).

No cultivo das terras foram ainda usados 1,810 quilómetros cúbicos de água doce e 104 teragramas de nitrogénio – algo como 300 mil aviões Boeing 747 – e 18 teragramas de fertilizantes fosfatados.

Com estes dados apresentados e a estimativa de que a população global crescerá cerca de um terço para quase 10 mil milhões até 2050, as expectativas não são as melhores.

Segundo o estudo, este aumento da população mundial, combinado com a triplicação da renda global, pressionará ainda mais o sistema alimentar elevando o impacto das catástrofes mundiais nos sectores alimentares entre 50% e 92%.

A solução sustentável

Para os investigadores, a produção de alimentos de origem animal é responsável por quase três quartos do total das emissões e é tão intensa e prejudicial para o ambiente que os cientistas propõe mudar as dietas para incluir menos carne e mais grãos, nozes, legumes, verduras e frutas.

Esta alteração no consumo de carne proporcionaria um alívio para todo o sistema global alimentar e ainda ajudaria a aumentar o índice de saúde mundial. Os investigadores recomendam ainda reduzir o desperdício de alimentos e melhorar as práticas agrícolas.

Em relação ao desperdício alimentar, segundo o estudo, mais de um terço de toda a comida produzida é perdida antes de chegar ao mercado ou é desperdiçada pelo consumidor final. Segundo o relatório, uma redução pela metade do desperdício de alimentos diminuiria o impacto ambiental do sistema alimentar em 16%.

Quanto à proposta da melhoria das práticas agrícolas, o estudo fala em aumentar a rentabilidade, reciclar o fósforo e utilizar as águas das chuvas de maneira mais eficiente para reduzir as tensões do sistema alimentar sobre o meio ambiente em 30%.

Não há uma solução única suficientemente eficaz para evitar ultrapassar fronteiras planetárias”, disse Springmann. “Mas quando várias soluções são implementadas em conjunto, a nossa pesquisa indica que pode ser possível alimentar a população em crescimento de forma sustentável”.

ZAP //

Por ZAP
14 Outubro, 2018

Mudanças climáticas podem afundar oito das mais famosas cidades do mundo

(CC0/PD) Scott Webb / pexels

Um relatório científico publicado recentemente pela organização não governamental Christian Aid aponta quais são as grandes cidades costeiras que correm o risco de sofrer fortes inundações por causa do aquecimento global.

Os especialistas alertam no documento que, se o aquecimento global for superior a 1,5 graus, o aumento do nível do mar ultrapassará os 40 centímetros, fazendo com que algumas famosas cidades costeiras “fiquem extremamente vulneráveis perante tempestades e inundações”.

“Algumas das cidades mais famosas do mundo estão a afundar-se à medida que as mudanças climáticas fazem subir o nível do mar”, advertem os autores do documento. “Estas metrópoles podem parecer fortes e estáveis, mas é uma ilusão”, diz o relatório.

À medida que o nível do mar aumenta, estas cidades correm cada vez mais perigo e ficam cada vez mais debaixo de água”, acrescenta o relatório da Christian Aid. Entre as cidades mencionadas no relatório, encontram-se oito das mais famosas metrópoles do Mundo.

A primeira dessas cidades é Jacarta, na Indonésia. Os cientistas destacam que 40% da capital do país asiático já se encontra abaixo do nível do mar e que a cidade está a  afundar-se a um ritmo de 25 centímetros por ano. Em 2050, cerca de 95% do norte da cidade estará submerso.

Houston, nos Estados Unidos, é outra importante cidade que está em risco de afundar. Para o afundamento desta cidade do estado americano do Texas contribui o fato de ser o centro da indústria do petróleo e gás dos EUA.

A extracção de minerais fez com que uma área de 12 mil quilómetros quadrados do seu território tenha sofrido um rebaixamento de até 3 metros. Parte desta zona continua a afundar-se a um ritmo de 5 centímetros por ano.

A capital britânica, Londres, por sua vez, está a afundar-se em parte devido à fusão dos glaciares. A Barreira do Tamisa, inaugurada em 1984 para proteger a cidade de inundações, foi planeada para ser usada duas ou três vezes por ano. Porém, actualmente é usada seis ou sete vezes anualmente.

O relatório afirma também que a cidade chinesa de Xangai “é demasiado pesada para o terreno sobre o qual está construída”. A metrópole está a afundar-se nos sedimentos em que foi construída, devido ao peso das infraestruturas, à extracção de água subterrânea e à subida do nível do mar.

(CC0/PD) zhang kaiyv / pexels
A cidade chinesa de Xangai “é demasiado pesada para o terreno sobre o qual está construída”.

Também a capital da Nigéria, Lagos, está em risco de afundar. Se o nível das águas do mar aumentar 20 centímetros, 740 mil residentes da cidade nigeriana perderão as suas casas, alertam os especialistas.

Também a cidade de Manila enfrenta a possibilidade de desaparecer submersa. Apesar de estar habituada a grandes intempéries e a um clima extremo, a capital filipina corre o risco de afundar 10 centímetros anualmente, e “pode ter os dias contados”.

O Bangladesh é um país onde as mudanças do nível do mar já provocam migração da população. As áreas residenciais de sua capital, Daca, estão apenas 6 a 8 centímetros acima do nível do mar e, no golfo de Bengala, no sudoeste da cidade, o processo parece estar a aumentar dez vezes mais depressa do que a média mundial.

Há três anos, o governo tailandês previu que Bangkok, a capital da Tailândia, estaria debaixo de água em 15 anos. Tal como no caso de Xangai, em Bangkok o processo é causado, entre outros, pelos arranha-céus da cidade, cujo peso pressiona o solo.

Mas o aumento do nível do mar não é o único problema que as áreas costeiras baixas enfrentam. Muitas cidades nessas áreas estão a afundar também por causa do abatimento do solo, que aumenta consideravelmente o risco de inundações.

Esse é o caso de São Francisco, nos EUA, que está a afundar ainda mais depressa do que o nível do mar aumenta devido ao aquecimento global: actualmente, 3 milímetros por ano e em aceleração.

A capital chinesa, Pequim, é mais conhecida pelo absurdo nível de poluição atmosférica e por ocasionais tempestades de areia. Mas a sua maior ameaça ambiental encontra-se na realidade no subsolo: a cidade está literalmente a afundar-se. O efeito é mais significativo em Chaoyang, o bairro financeiro da cidade, que está a afundar-se 11 cm por ano.

Talvez esteja na altura de a espécie humana dar mais um salto evolutivo para algo diferente – de preferência, desta vez com guelras.

ZAP // Sputnik News / Christian Aid

Por SN
8 Outubro, 2018

Aquecimento global no Pleistoceno elevou nível do mar até 13 metros

leungchitak / Flickr

O aquecimento global no final do período do Pleistoceno, com temperaturas similares às previstas para este século, reduziu a camada de gelo da Antárctida oriental e elevou o nível do mar até 13 metros acima do actual.

A conclusão é de um estudo internacional, liderado por cientistas do Instituto de Ciências da Terra do “Imperial College London”, publicado esta quinta-feira na revista Nature.

O gelo polar é uma componente essencial do sistema climatérico e afecta o nível global da água do mar e a circulação e transporte de calor nos oceanos.

Até agora a comunidade científica tinha-se centrado na camada de gelo da Antárctida ocidental, aquela que actualmente está mais vulnerável ao degelo. Ao mesmo tempo também se pensava que a região leste da Antárctida, com uma superfície equivalente a 115 vezes Portugal, e que contém cerca de metade da água doce da Terra, era menos sensível ao aquecimento global.

No entanto, o estudo agora publicado sugere que um aquecimento de dois graus na região, se se mantiver um par de milénios, vai derreter uma importante área da Antárctida oriental, com implicações no nível global da água do mar.

“Estudar o comportamento da camada de gelo no passado geológico permite-nos informar-nos sobre mudanças futuras”, disse Carlota Escutia, investigadora do Instituto Andaluz de Ciências da Terra, da Universidade de Granada, Espanha.

“Ao formarmos uma imagem de como cresceu e diminuiu o manto de gelo em cenários passados podemos entender melhor a resposta que terá a massa de gelo da Antárctida oriental no aquecimento global”, sustentou a cientista.

Para o estudo os cientistas investigaram amostras de sedimentos do fundo oceânico provenientes da bacia sub-glacial de Wilkes. As amostras foram recolhidas nas profundezas do oceano austral durante uma expedição em 2010.

As pegadas químicas deixadas nos sedimentos permitiram revelar os padrões de erosão continental à medida que a camada de gelo avançava e retrocedia.

“Detectamos que as alterações mais extremas se deram durante dois períodos entre glaciações, entre há 125.000 e 400.000 anos, quando o nível global do mar estava entre seis a 13 metros acima do nível actual”, disse Francisco Jiménez, também investigador do Instituto Andaluz de Ciências da Terra.

O Pleistoceno abrange um período que vai entre aproximadamente 1,8 milhões de anos e 11.500 anos atrás.

ZAP // Lusa

Por Lusa
23 Setembro, 2018

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Mar subiu 13 metros na era geológica do Pleistoceno. Temperaturas são as deste século

Conclusão é de um estudo internacional publicado na revista “Nature”

© D.R.

O aquecimento global no final do período do Pleistoceno (era geológica que abrange um período que vai entre aproximadamente 1,8 milhões de anos e 11.500 anos atrás) apresentou temperaturas similares às previstas para este século. Na altura, o aquecimento global reduziu a camada de gelo da Antárctida oriental e elevou o nível do mar até 13 metros acima do actual.

A conclusão é de um estudo internacional, liderado por cientistas do Instituto de Ciências da Terra do “Imperial College London”, publicado esta quarta-feira na revista “Nature“.

O gelo polar é uma componente essencial do sistema climatérico e afecta nomeadamente o nível global da água do mar e a circulação e transporte de calor nos oceanos.

Até agora a comunidade científica tinha-se centrado na camada de gelo da Antárctida ocidental, aquela que actualmente está mais vulnerável ao degelo. Ao mesmo tempo também se pensava que a região leste da Antárctida, com uma superfície equivalente a 115 vezes Portugal, e que contém cerca de metade da água doce da Terra, era menos sensível ao aquecimento global.

Bastam 2 graus e 2000 anos para o mar subir

No entanto, o estudo agora publicado sugere que um aquecimento de dois graus na região, se se mantiver um par de milénios, vai derreter uma importante área da Antárctida oriental, com implicações no nível global da água do mar.

“Estudar o comportamento da camada de gelo no passado geológico permite-nos informar-nos sobre mudanças futuras. Ao formarmos uma imagem de como cresceu e diminuiu o manto de gelo em cenários passados podemos entender melhor a resposta que terá a massa de gelo da Antárctida oriental no aquecimento global”, disse Carlota Escutia, investigadora do Instituto Andaluz de Ciências da Terra, da Universidade de Granada, Espanha.

Para o estudo os cientistas investigaram amostras de sedimentos do fundo oceânico provenientes da bacia sub-glacial de Wilkes. As amostras foram recolhidas nas profundezas do oceano austral durante uma expedição em 2010.

As pegadas químicas deixadas nos sedimentos permitiram revelar os padrões de erosão continental à medida que a camada de gelo avançava e retrocedia.

Detectamos que as alterações mais extremas se deram durante dois períodos entre glaciações, entre há 125.000 e 400.000 anos, quando o nível global do mar estava entre seis a 13 metros acima do nível actual”, disse Francisco Jiménez, também investigador do Instituto Andaluz de Ciências da Terra.

Diário de Notícias
DN/Lusa
19 Setembro 2018 — 20:50

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Apenas 13% dos oceanos não foram alterados pelo ser humano

worldworldworld / Flickr

Os oceanos cobrem aproximadamente 70% de toda a superfície da Terra e parece que nada desta expansão marinha está fora do alcance do ser humano – apenas 13% dos mares permanecem inalterados. 

Em todo o mundo, só 13,2% dos mares – cerca de 54 milhões de quilómetros quadrados – estão num estado verdadeiramente selvagem, não tendo sido alterados pelo Humano, aponta um novo estudo publicado esta quinta-feira na Current Biology.

Em termos de comparação, a Ásia cobre uma área total de 44,5 milhões de quilómetros

“Quase toda a área ainda selvagem está localizada no Árctico, na Antárctida ou nas ilhas remotas do Pacífico”, disse Kendall Jones, co-autor do estudo e especialista em planeamento da Wildlife Conservation Society à Live Science.

Acrescentando que “nas regiões costeiras, onde a actividade humana é mais intensa, quase não há mais nenhuma área selvagem”.

“Descobrimos também que quase toda a natureza selvagem está desprotegida, deixando-a assim vulnerável para a ser perdida na totalidade a qualquer momento, já que as melhorias nas tecnologias de pesca e navegação nos permitem chegar e pescar mais fundo nos oceanos”, explicou.

Talvez tão perturbador quanto estes dados, adiantou Jones, é que: apenas 4,9% da natureza marinha selvagem está localizada em áreas protegidas, nas quais a lei restringe as actividades humanas.

Para o estudo, os investigadores consideraram como natureza selvagem as áreas “livres da intensa actividade humana”. Foram compilados dados sobre os níveis de várias actividades humanas nos mares e, em seguida, os cientistas identificaram as áreas de menor actividade humana.

Os investigadores atribuíram a cada quilómetro quadrado do oceano um valor que avalia o quão afectado o espaço foi por um dos 15 factores causados pelo Homem, tais como pesca, transporte comercial, escoamento de nutrientes e pesticidas e ainda factores relacionados com as alterações climáticas – acidificarão dos oceanos e aumento do nível das águas do mar.

“Os nossos resultados demonstram que não há quase nenhum lugar no oceano onde as pessoas não estejam interessadas em usar para algum propósito”, acrescentou Jones.

Então, o que nos reserva o futuro? Isso depende de como agirmos, explicou o especialista.  “É crucial proteger as áreas selvagens marinhas se quisermos proteger toda a biodiversidade marinha para o futuro”, concluiu.

Por ZAP
29 Julho, 2018

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Aquecimento global destapa cadáver de alpinista na Suíça

pepeiglesias / Flickr
Monte Cervino, nos Alpes suíços

O aquecimento global está a derreter os glaciares, destapando achados verdadeiramente macabros, como o de um cadáver de um alpinista japonês.

O aquecimento global está a ser o responsável pelo derretimento dos glaciares e, consequentemente, da descoberta de achados macabros que se tornam cada vez mais frequentes.

Segundo o jornal espanhol El País, um guia de montanha descobriu, no passado dia 14 de Julho, um cadáver de um alpinista japonês, no monte Cervino, nos Alpes suíços. O corpo foi identificado dias depois e pertence a um japonês de 67 anos. No entanto, desconhecem-se as circunstâncias em que o homem desapareceu e quando.

Mas este não é um acontecimento único. Na última década, principalmente, estes achados têm-se tornado cada vez mais recorrentes. No mesmo monte Cervino foram descobertos vários corpos nos últimos anos. Um porta-voz da polícia do cantão suíço de Valais adianta que, desde 1926, desapareceram sem rasto 280 pessoas nesta montanha, escreve o DN.

Há cerca de um ano, um funcionário da empresa Glacier 3000, empresa que administra os teleféricos no monte Cervino, encontrou, em perfeito estado de conservação, os cadáveres congelados do casal Marcelin e Francine Dumoulin, desaparecido no glaciar Tsanfleuron em 15 de agosto de 1942, em plena Segunda Guerra Mundial.

“Passámos as nossas vidas à procura deles, sem parar. Pensávamos que algum dia poderíamos dar-lhes o funeral que mereciam”, disse ao jornal suíço Le Matin Marceline Udry-Dumoulin a filha do casal desaparecido, então com 79 anos.

“Depois de 75 anos de espera, estas notícias deram-me a paz“, conclui.

Já no glaciar vizinho de Aletsch, foram encontrados, há seis anos, os cadáveres de três irmãos que tinham desaparecido em Março de 1926, quando iniciaram uma expedição no glaciar.

De acordo com dados da GLAMOS, uma rede formada por várias universidades suíças e financiada pelo Ministério do Meio Ambiente do país, o glaciar Tsanfleuron perdeu 1.926 metros desde 1884. Em 2017, apenas um glaciar manteve o seu tamanho, enquanto um total de 80 enfrentou novos contratempos em termos de derretimento.

ZAP //

Por ZAP
25 Julho, 2018

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797: Este verão “tem a assinatura das alterações climáticas”

 

Ondas de calor potenciadas por secas no norte da Europa, recordes de temperatura um pouco por todo o lado. Isto é o planeta com mais um grau de temperatura média. Como será com dois graus a mais?

Incêndios florestais na Suécia
© TT News Agency/Maja Suslin via REUTERS

Ondas de calor intensas e incêndios na Escandinávia e na Grécia, o Reino Unido dias a fio com temperaturas acima da média para a época e sem um pingo de chuva em Junho, tradicionalmente, ali, o mês mais chuvoso, Portugal sem verão digno desse nome. E, noutras regiões do hemisfério norte, idênticos desacertos: recordes de temperatura em Toronto, no Canadá, no Japão, na Argélia… a lista impressiona de tão longa, e deixa uma certeza: as alterações climáticas já moram aqui.

Na prática, quase todo o hemisfério norte, tanto na Eurásia, como na América, está nesta altura com temperaturas acima da média. “São muitos recordes juntos”, nota Francisco Ferreira, professor e investigador da Universidade Nova de Lisboa, e presidente da associação ambientalista Zero. “Não se pode individualizar cada uma destas situações e falar de alterações climáticas, mas quando se olha para todas em conjunto, as campainhas soam”, diz. “O que estamos a observar está em linha com os piores cenários traçados pelos modelos climáticos”.

Ricardo Trigo, que lidera o grupo de climatologia do Instituto Dom Luiz da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, também não tem dúvidas de que se está perante “a assinatura das alterações climáticas”. Ondas de calor e secas, “sempre houve”, sublinha, mas “isto já inclui alguma assinatura das alterações climáticas, porque a sua maior frequência e magnitude é compatível com aquilo que os modelos indicam com grande fiabilidade nos últimos dez anos”, garante.

As secas e ondas de calor tornaram-se mais frequentes e mais intensas ao longo dos últimos anos e isso é exactamente o que os modelos já previam há dez anos, quando se lhes introduzia os dados das emissões de gases com efeito de estufa.

A maior frequência e magnitude das secas e ondas de calor é compatível com o que os modelos indicam com grande fiabilidade nos últimos dez anos

E se é assim agora, numa altura em que a temperatura média do planeta já ganhou mais um grau Celcius em relação à era pré-industrial – em Portugal, já é mais de um grau, e no norte da Europa já vai em 2,5 – “como será quando esse aumento for de dois graus?”, questiona-se Francisco Ferreira.

O que se sabe de ciência certa é que as temperaturas mais altas potenciam e amplificam os fenómenos meteorológicos extremos, e daí se observar já o seu aumento, concordam todos os especialistas. Um deles é Pedro Miranda, também investigador do Instituto Dom Luiz, da Universidade de Lisboa. “Isto é o resultado de um mundo que está a aquecer”, diz. Na prática, “verifica-se o que os modelos têm previsto, com anos sucessivos, na última década, a bater recordes de temperatura média, e com o aumento dos fenómenos extremos, como estes”.

Para o futuro, os modelos estimam que tudo isto se agrave. Em 2050, diz por sua vez Ricardo Trigo, ondas de calor como a de 2003 – o chamado verão que veio do futuro – que deixou um rasto de milhares de mortos na Europa, “poderão ocorrer a cada cinco ou dez anos”.

Norte da Europa em onda de calor

Na Europa, este verão em quase tudo atípico, com o norte da Europa a suar de calor e a enfrentar incêndios inéditos, como acontece na Suécia, e a Península Ibérica com temperaturas frescas e uma nebulosidade teimosa, a origem da situação está na “circulação atmosférica, que não é a habitual para esta época do ano”, explica ao DN Ricardo Trigo.

“Normalmente, no verão o anticiclone dos Açores está ligeiramente mais para norte, sobre o oceano, e um pouco mais junto da Europa, mas esta situação tem estado profundamente alterada nas últimas semanas”, conta o especialista, sublinhando que “um anticiclone de bloqueio se tem mantido parado, muito para norte, e tem impedido que as depressões que vêm do Atlântico cheguem à Europa”, nas latitudes do Reino Unido ou mais para norte, como é usual acontecer.

© TT News Agency/Maja Suslin via REUTERS

Resultado: há cerca de dois meses que não chove no Reino Unido e na Escandinávia, e com as temperaturas ali anormalmente elevadas, aumenta também de forma inédita o risco de incêndio – na Suécia os fogos florestais não têm dado tréguas.

Em contrapartida, a Portugal continua a chegar nebulosidade que vem do mar. “As depressões continuam a atravessar o Atlântico, e quando chegam perto do Reino Unido, nesta situação, são empurradas para aqui para a Península Ibérica”, explica Ricardo Trigo.

A dar uma ajuda a tudo isto, as correntes de jacto, os ventos atmosféricos que correm de Oeste para Leste e que são determinantes para as condições meteorológicas na Europa, estão também nesta altura mais a Norte do que é habitual, e enfraquecidos, o que contribui para que os padrões deste verão europeu anómalo se vão mantendo, dia após dia.

Já a situação na Grécia, com uma onda de calor e uma secura prolongada de semanas, que desembocou nos incêndios devastadores às portas de Atenas, que já causaram pelo menos 74 mortos, não decorre deste mecanismo específico que afeta a frente europeia atlântica.” Ali, a onda de calor, que deverá, aliás, abrandar nos próximos dias, “é causada por ar quente continental, vindo do nordeste”, adianta Ricardo Trigo.

Diário de Notícias
Filomena Naves
24 Julho 2018 — 19:59

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Novo estudo alerta que aquecimento global pode ser duas vezes pior do que o estimado

 

Estudo de investigadores de 17 países, publicado na semana passada pela revista Nature Geoscience, alerta que o aquecimento global pode ser duas vezes pior do que o estimado e que o nível do mar pode subir até seis metros. Isto mesmo se o mundo cumprir a meta do Acordo de Paris, ou seja, manter a temperatura média global abaixo dos 2ºC

Imagem de mapa sobre a evolução das temperaturas no mundo feita pela NASA ! © D.R.

Muito se tem falado sobre a importância do Acordo de Paris sobre as Alterações Climáticas e também de o facto de o presidente Donald Trump ter anunciado que pretende retirar desse mesmo acordo os Estados Unidos.

Ainda esta sexta-feira, no Porto, na conferência Climate Change Leadership, o seu antecessor, Barack Obama, referiu o tema. “O que vemos é que com o Acordo de Paris (…) ainda é possível ter os países em torno de uma agenda comum”, destacou, constatando que “o problema das alterações climáticas transcende fronteiras” e não é possível um país “resolver este problema sozinho”.

Mas, mesmo que o mundo cumpra o que está contido no Acordo de Paris, ou seja, manter o aumento da temperatura média global abaixo dos 2ºC em relação aos níveis da era pré-industrial e limitar o aumento da temperatura a 1,5ºC, isso poderá já não ser suficiente.

O alerta está contido num novo estudo científico, da autoria de especialistas de 17 países, publicado a semana passada na Nature Geoscience. Segundo os peritos, o aquecimento global pode ser duas vezes pior do que o estimado, e o nível da água do mar pode subir até seis metros.

Alguns dos cenários que avançam são, por exemplo, o colapso de vastas áreas de gelo nos pólos, alterações significativas nos ecossistemas que podem transformar o deserto do Sara numa zona verde ou as florestas tropicais em savanas planas com árvores esparsas e arbustos isolados.

Para as suas conclusões, os autores do estudo baseiam-se na observação de dados de três períodos de aquecimento, ao longo dos últimos 3,5 milhões de anos, quando o mundo esteve mais quente entre 0,5ºC e 2ºC por comparação à era pré-industrial do século XIX. Os investigadores basearam-se em dados de três períodos: o Ótimo do Holoceno Médio, o Interglaciar e o Ótimo Plioceno Médio.

“A observação de períodos de aquecimento no passado sugere que um número de mecanismos amplificadores, que estão representados de forma muito pobre nos modelos climáticos, amplificam o aquecimento a longo prazo, para além das projecções do modelo climático”, disse o director do estudo, o professor Hubertus Fischer, da Universidade de Berna na Alemanha.

“Mesmo com 2ºC de aquecimento – e potencialmente 1,5ºC – os impactos no sistema da Terra são profundos. Podemos esperar uma subida do nível do mar imparável durante o milénio, com impacto na população, nas infraestruturas e na actividade económica”, declarou, por sua vez, o co-autor do estudo Alan Mix, professor da Universidade do Oregon nos EUA.

“Os modelos climáticos parecem ser fiáveis para pequenas alterações, tais como a baixa de emissões durante períodos curtos, talvez nas próximas décadas até 2100. Mas à medida que as alterações se tornam mais amplas e mais persistentes esses modelos parecem subestimar as alterações do clima”, afirmou, por sua vez, a co-autora do estudo Katrin Meissner, directora do Centro de Investigação sobre o Clima da Universidade de New South Wales na Austrália.

Citada num artigo dessa mesma universidade, a especialista sublinha: “Esta investigação é um alerta poderoso no sentido de se agir. Diz-nos que se os líderes mundiais da actualidade não fizerem face às emissões de uma forma urgente, o aquecimento global trará profundas alterações ao nosso planeta e à nossa forma de vida – não só neste século, mas muito para além disso”.

Diário de Notícias
Patrícia Viegas
07 Julho 2018 — 13:00

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Perdemos um campo de futebol de floresta por segundo em 2017

(CC0/PD) skeeze / pixabay

Brasil, Colômbia e República Democrática do Congo são alguns dos países que registaram perdas recorde no ano de 2017, segundo o novo relatório da Global Forest Watch.

De acordo com uma pesquisa da Global Forest Watch, o mundo perdeu mais do que o equivalente a um campo de futebol de floresta por cada segundo de 2017, totalizando uma área equivalente à dimensão de um país como Itália.

Os novos dados, obtidos através de satélite, mostram que este foi o segundo pior ano desde que há registo, com uma perda de 29,4 milhões de hectares, cita o jornal britânico The Guardian.

A redução da cobertura florestal duplicou desde 2003, enquanto que o desmatamento de florestas tropicais duplicou desde 2008. O Brasil, que já vinha de uma tendência de queda, voltou a sofrer com este problema no ano passado devido à instabilidade política. Outras nações, como a Colômbia e a República Democrática do Congo, também sofreram perdas recorde.

O território brasileiro foi o país que mais sofreu com as perdas florestais desde que a Global Forest Watch começou a fazer este levantamento em 2001. Enquanto que houve uma diminuição no ano passado em relação ao desmatamento recorde que ocorreu em 2016, os números de 2017 ainda são os segundos mais altos da história.

Mais de um quarto das perdas de árvores no Brasil no ano de 2017 foram causadas por incêndios deliberadamente provocados para limpar terra.

Na Colômbia, um verdadeiro centro global para a biodiversidade, as perdas aumentaram 46% no ano passado. As FARC, a maior organização guerrilheira do país, anteriormente controlavam grande parte do território amazónico colombiano, bloqueando o acesso.

A desmobilização dessas forças armadas rebeldes deixou um vazio de poder e a desflorestação ilegal para gado, extracção de madeira e produção de cocaína dispararam.

Por outro lado, na Indonésia, a desflorestação caiu 60% em 2017, um ano húmido que se traduziu num menor número de incêndios florestais e também por causa de acções levadas a cabo pelo Governo.

A culpa também é nossa

As perdas florestais são um factor decisivo para as emissões de carbono que impulsionam o aquecimento global. O seu efeito é quase o mesmo que o total de emissões dos EUA, o segundo país maior poluidor do mundo.

A desflorestação destrói o habitat da vida selvagem e é uma das principais razões para as populações de animais selvagens terem caído para metade nos últimos 40 anos, iniciando uma sexta extinção em massa.

Enquanto apenas 2% do financiamento para a acção climática vai para a protecção de florestas, estas têm o potencial de fornecer um terço dos cortes de emissões globais necessários até 2030.

“É realmente uma questão urgente que devia estar a receber mais atenção”, explica Frances Seymour, do World Resources Institute, uma das entidades responsáveis pelo Global Forest Watch.

De acordo com as informações recolhidas por este estudo, a destruição humana causa virtualmente todo a desflorestação nos trópicos.

“A principal razão pela qual as florestas tropicais estão a desaparecer não é um mistério – amplas áreas continuam a ser devastadas para cultivo de soja, carne bovina, óleo de palma, madeira e outras comodidades comercializadas globalmente”, explica. “Grande parte é ilegal e está ligada à corrupção“, acrescenta.

Não é só o ambiente que sofre

Os incêndios são dominantes em latitudes mais altas, causando cerca de dois terços das perdas florestais em países como a Rússia e o Canadá, e podem estar a tornar-se mais comuns devido às alterações climáticas.

Novas florestas estão a ser cultivadas na China e na Índia, por exemplo, mas a extensão exacta em que compensam a destruição das florestas já existentes ainda é desconhecida. Por enquanto, claro é que a desflorestação excede significativamente a reflorestação.

Estima-se que apenas cerca de 15% das florestas que provavelmente existiam antes da civilização humana ainda hoje permaneçam intactas. Um quarto foi destruído e o resto fragmentado ou degradado.

A destruição das árvores não prejudica apenas o ambiente. “Juntamente com essa violência contra a Terra, também há uma crescente violência sobre as pessoas que defendem essas florestas”, afirma Victoria Tauli-Corpuz, relatora especial da ONU sobre os direitos dos povos indígenas.

De acordo com Tauli-Corpuz, metade dos 197 defensores ambientais mortos em 2017 pertenciam a grupos indígenas.”Há muito que estes povos administram as florestas que são cruciais para a luta contra as alterações climáticas”, explica.

“Os novos dados mostram que a taxa de perda de cobertura de árvores é menos de metade em terras comunitárias e indígenas, comparativamente com outros lugares”.

ZAP // HypeScience

Por HS
30 Junho, 2018

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[nota]- Perguntem aos Trampas que existem espalhados pelo Planeta Terra que eles responderão: “No problem…” [/nota]

Há uma relação entre o racismo e a negação das alterações climáticas

B. Bannon / UNHCR

Os motivos que estão por trás da negação das alterações climáticas parecem ser ainda mais complexos do que pensávamos. Um estudo concluiu que há uma ligação entre atitudes racistas e o cepticismo no que toca à mudança climática.

Um novo estudo examinou atitudes em relação às alterações climáticas durante a presidência de Barack Obama, nos Estados Unidos, e descobriu que os americanos brancos ficaram significativamente menos preocupados com as mudanças climatéricas durante a presidência.

Além disso, mostrou também que as atitudes racistas dos brancos poderiam estar a ajudar a alimentar o cepticismo em relação às alterações climáticas.

A mudança do clima é um problema real, atual, sobre o qual é preciso alertar, mas também um problema que parece ser ignorado por alguns.”Não estou a afirmar que a raça é o componente mais importante para explicar as atitudes ambientais, mas é algo significativo com que devemos estar preocupados”, disse o cientista político Salil Benegal, da Universidade DePauw.

Para chegar a esta conclusão, o cientista analisou até que ponto as atitudes racistas podem estar associadas ao cepticismo em relação às alterações climáticas. Para isso, Benegal estudou as tendências de opinião pública durante a presidência de Obama.

Barack Obama foi o primeiro Presidente negro e dedicou-se muito às causas ambientais, tornando-se num defensor nato. A equipa de cientistas queria, com base neste facto, estudar até que ponto o atual debate sobre o tema poderia ter sido influenciado pelo Presidente norte-americano.

No entanto, Benegal apercebeu-se de que, num período em que os problemas climáticos ganharam destaque nos Estados Unidos, o interesse sobre este tema diminuiu por parte de 18% da população apontada como racista.

Apesar de o raciocínio por trás desta divergência racial permaneça hipotético, Benegal sugere que é possível que os eleitores caucasianos com elevado nível de racismo tenham associado Obama às alterações climáticas e, consequentemente, ao poder político.

Estas conclusões basearam-se nas respostas a inquéritos desde os anos 60, recolhidos pela American National Election Studies (ANES). Estes inquéritos permitiram comparar as mudanças de opinião aquando do novo presidente.

Assim, os dados da ANES mostraram que, à medida que aumenta o ressentimento racial entre os eleitores caucasianos republicanos, é mais provável que discordem de que as alterações climáticas estejam mesmo a acontecer ou que sejam consequentes da actividade humana.

Na opinião do cientista, estes dois factores são evidências de “transbordamento racial” – a identidade racial e a preocupação com as alterações climáticas relacionaram-se de alguma forma ao longo de uma presidência de dois mandatos.

ZAP // ScienceAlert

Por ZAP
21 Junho, 2018

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Antárctida está a derreter a um ritmo alucinante (e pode afetar Portugal)

leungchitak / Flickr

Nos últimos 25 anos, a perda de gelo na Antárctida contribuiu para uma subida do nível médio da água do mar de 7,6 milímetros. “Os impactos podem ser a vir muito grandes, principalmente em países que tenham linhas costeiras como Portugal”, alerta o investigador José Xavier.

A Antárctida é o exemplo perfeito do efeito das alterações climáticas no nosso planeta, isto porque está a perder gelo continuamente. Aliás, desde 1950, já desapareceram 34 mil quilómetros quadrados da plataforma de gelo, indica um estudo publicado esta quinta-feira na revista Nature.

Uma edição especial da revista científica sobre a Antárctida, denominada Choosing the future of Antárctica, vários cientistas explicam que a monitorização da região através de satélite mostra a contínua perda de gelo para os oceanos.

Esta análise tem por base os registos feitos durante décadas por cientistas das Universidades de Leeds (Reino Unido), da Califórnia (em San Diego, Estados Unidos) e de Maryland (Estados Unidos).

Embora o estudo indique que desde a era dos satélites não se tem aparentemente notado mudanças gerais muito significativas, há “sinais de um declínio de longo prazo“.

Assim, de acordo com os cientistas, as plataformas de gelo dos mares de Amundsen – que já teve três quilómetros de espessura – e de Bellingshausen estão 18% mais finas do que no início dos anos 90. Além disso, o aumento acentuado das temperaturas do ar fez colapsar plataformas de gelo na península antárctica.

São mais de 150 os estudos tentam determinar quanto gelo o continente está a perder.

Um deles, também publicado nesta edição especial da Nature, envolveu 84 cientistas e 44 organizações, que combinaram 24 pesquisas por satélite. Com essas pesquisas concluíram que, entre 2012 e 2017, a Antárctida perdeu 219 mil milhões de toneladas de gelo por ano, três vezes mais do que antes de 2012.

Com base nestes dados, os cientistas concluíram que as perdas de gelo da Antárctida aumentaram os níveis do mar em 7,6 milímetros desde 1992, dois quintos desse aumento ou seja, três milímetros, nos últimos cinco anos.

Mas por que motivo a Antárctida é um bom indicador para o estudo das alterações climáticas e da subida do nível do mar? No início do artigo sobre a perda de gelo, a resposta a esta pergunta surge bem evidenciada. “As camadas de gelo da Antárctida têm água suficiente para aumentar o nível global do mar em 58 metros.”

Assim, compreender o balanço da massa de gelo é fundamental para estimar as mudanças que ocorrem nessa região. Os estudos ganham dimensão se quisermos perceber os impactos – tanto actuais como futuros – das alterações climáticas.

Desde 1992, a Antárctida já perdeu cerca de três biliões de toneladas de gelo, avança o Público. Andrew Shepherd, da Universidade de Leeds, frisou que as perdas de gelo aumentaram na última década, fazendo com que o nível da água do mar suba mais rapidamente do que em qualquer outro período nos últimos 25 anos.

Esta tem de ser uma preocupação dos Governos, reitera o cientista. Erik Ivins, da NASA, avisa que o estudo pode ser considerado o mais fiável sobre a massa de gelo do continente, tendo em conta o período de observação, o número de participantes e as técnicas utilizadas.

Em suma, segundo os cientistas, a Antárctida Ocidental e a Península Antárctica perderam gelo. Também o crescimento da camada de gelo na Antárctida Oriental foi reduzido.

A Antárctida Ocidental perdeu 53 mil milhões de toneladas de gelo por ano na década de 1990, passando para 159 mil milhões a partir de 2012. Desde o início do século o extremo norte do continente também está a perder anualmente 25 mil milhões de toneladas de gelo. A única zona de equilíbrio, a leste, ganhou apenas cinco milhões de toneladas de gelo por ano, nos últimos 25 anos.

José Xavier, investigador e professor da Universidade de Coimbra, envolvido no estudo, revela à TSF que se não tomadas medidas urgentemente, dentro de 10 anos grande parte dos efeitos que a ciência traça para 2070 já não poderão ser evitados.

“Os impactos podem ser a vir muito grandes, principalmente em países que tenham linhas costeiras como Portugal“, alerta o investigador.

ZAP //

Por ZAP
15 Junho, 2018

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Dez anos para salvar a Antárctida… e o resto do planeta

Futuro da Antárctida numa encruzilhada | DR

Português é um dos autores do estudo que lança alerta: temos uma década para cortar as emissões de gases

São dez anos – uma década. É esta a janela que hoje resta aos decisores políticos e económicos, mas também aos cidadãos, para fazer (ou não) um corte drástico nas emissões de gases com efeito de estufa, e com isso permitir que a Antárctida e a sua imensa cobertura de gelo, com os seus três a cinco quilómetros de espessura, se mantenha mais ou menos intacta durante o próximo meio século. Só isso evitará efeitos negativos para todo o planeta, e para a humanidade. Um deles é a subida do nível do mar em mais 30 cm, que, a acontecer, vai mudar a face das zonas costeiras em todos os continentes.

O alerta é dado esta quarta-feira na revista Nature por um grupo de nove cientistas polares veteranos e premiados, entre os quais o português José Xavier, professor e investigador da Universidade de Coimbra.

No artigo “Choosing the future of Antárctica”, (Escolher o futuro da Antárctida), os especialistas mostram que se as emissões de gases com efeito de estufa se mantiverem como até agora durante os próximos 10 anos, haverá grandes alterações na Antárctida, como o degelo, “que a partir de certo ponto se tornam irreversíveis”, explica José Xavier ao DN. “Se continuarmos durante os próximos anos no cenário mais negativo, com o actual nível de emissões, torna-se impossível retardar o degelo, como demonstramos no nosso artigo”, sublinha. As consequências não serão bonitas.

Duas narrativas para meio século

O estudo parte de dois cenários climáticos, do conjunto de quatro elaborados pelo IPCC (o Painel Intergovernamental da ONU para as Alterações Climáticas) no seu último relatório, de 2013, e faz uma simulação do que vai acontecer ao longo do próximo meio século a todos os níveis:­ na temperatura, no degelo, no ecossistema e biodiversidade marinha, no próprio sistema climático e nos custos económicos disso tudo – tanto para a Antárctida, como a nível planetário.

Os dois cenários do IPCC escolhidos pela equipa são os dois extremos: o mais negativo, em que as emissões de gases com efeito de estufa continuam mais ou menos como são neste preciso momento, e o mais benéfico, “em que tudo corre bem, com o Acordo de Paris a ser posto em prática sem problemas”, como explica José Xavier, notando que “uma das coisas mais importante deste trabalho é o facto de ambos os cenários serem plausíveis”.

O cientista José Xavier | DR

Em vez de se lançarem em exercícios de futurismo e em estimativas, no entanto, os autores decidiram fazer o contrário. Corridos os modelos nos computadores e obtidos os dados para cada um dos dois cenários, criaram duas narrativas, a mais negativa e a menos problemática, e escrevem o artigo a partir do futuro, como se fossem observadores que, no ano de 2070, estivessem a olhar para o passado da Antárctida, e do planeta. Além das conclusões propriamente ditas do estudo, esse formato acaba por dar “força e impacto ao artigo”, acredita José Xavier.

A ideia, afirma, “é alertar a comunidade política” para a necessidade de tomar as decisões que se impõem “nos próximos 10 anos, para evitar grandes mudanças no planeta, como acontece no pior cenário, com um aumento da temperatura global da ordem dos 3 graus Célsius, a subida do nível do mar em mais 30 cm, e grandes mudanças ambientais, quer para a biodiversidade, quer para os oceanos”.

precisamos de actuar já, é muito importante perceber que mesmo no cenário mais positivo também vai haver efeitos negativos

No pior cenário, a diminuição da cobertura gelada da Antárctida, por exemplo, sofre uma redução de 23%, e no verão, a perda de gelo oceânico no mar austral pode chegar aos 43%. Ao mesmo tempo, as águas, pela absorção contínua de dióxido de carbono (CO2), tornar-se-ão mais ácidas, afectando as espécies de carapaça, como os crustáceos. Num efeito de cascata, isso acabará por se repercutir também na produtividade dos ecossistemas e em toda a cadeia alimentar.

Evitar esse cenário próximo da catástrofe, que terá custos anuais de quase dois biliões de euros pelos cálculos dos cientistas, passa por “promover a redução das emissões de gases com efeito de estufa, através de um acompanhamento do Acordo de Paris, de uma boa gestão do Tratado da Antárctida, e da adopção de tecnologias verdes, entre outras decisões”, sublinha José Xavier.

O pior e o melhor

Porquê este olhar, agora, sobre a Antárctida? A resposta é simples. Ao contrário do que se possa imaginar, aquele não é apenas um local remoto e quase imaculado da Terra, onde uma mão-cheia de cientistas se afadigam todos os anos a realizar estudos complexos. O que acontece na Antárctida, sabe-se hoje, tem implicações globais. Ou, como afirma José Xavier, “as mudanças que ali ocorrerem podem ter efeitos importantes no clima, no nível do mar e nos ecossistemas marinhos do resto do mundo”. Por isso, sublinha, “precisamos de actuar já, é muito importante perceber que mesmo no cenário mais positivo também vai haver efeitos negativos”.

Se no pior cenário o aumento da temperatura fica uma unidade acima dos tais dois graus (em relação à era pré-industrial), que os especialistas têm considerado como o limite máximo para que o sistema climático não entre em desequilíbrio, no cenário mais positivo avaliado neste artigo, a temperatura sofre mesmo assim (até 2070) uma subida de um grau, em relação à era pré-industrial, e o os oceanos ganham mais seis centímetros de altura.

Nesse futuro melhor, a cobertura gelada da Antárctida terá uma redução de 8% e a perda de gelo oceânico no verão não ultrapassará os 12%. Os custos económicos calculados para mitigar os efeitos costeiros, entre outros, serão menores neste cenário, mas rondarão de qualquer forma os 50 mil milhões de euros.

Resta saber qual dos cenários será o do futuro. Isso vai depender “do que se decidir politicamente na próxima década” em relação ao ambiente, como diz José Xavier. “Ainda é tempo de agir”, garante, mas já estamos em contagem decrescente. Um outro estudo, publicado hoje também na Nature, mostra que o degelo no Polo Sul está, neste preciso momento, a acelerar.

Diário de Notícias
alterações climáticas
13 DE JUNHO DE 2018 20:24
Filomena Naves

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