Quando as alterações climáticas varreram 96% de toda a vida na Terra

Estudo lança nova luz sobre grande extinção em massa ocorrida há 252 milhões de anos, que varreu 96% de toda a vida do planeta. Um aumento de temperatura de 10 graus Celsius foi click que desencadeou tudo

© DR

Foi o maior episódio extinção alguma vez ocorrido no planeta. A grande extinção em massa do fim do Permiano, como é conhecida, e que ocorreu há 252 milhões de anos, varreu 96% das espécies da face da Terra, mas até hoje o que esteve na sua origem tem sido um mistério para a ciência.

Agora, um grupo de cientistas de duas universidades americanas avança uma nova explicação: o que aconteceu foi um aumento rápido da temperatura, de cerca de 10 graus Celsius, causado por uma sucessão de erupções vulcânicas, que fez cair drasticamente a quantidade de oxigénio nos oceanos.

A vida que ali fervilhava não conseguiu adaptar-se e desapareceu para sempre. De forma simples e directa, foi um episódio de alterações climáticas.

A tese é avançada hoje na revista Science por um grupo de investigadores das universidades americanas Washington e Stanford, que ao conhecimento dos dados fósseis da época juntaram um modelo computacional do clima da época e conseguiram assim simular com grande precisão o fenómeno então ocorrido.

“Foi a primeira vez que se fez uma simulação preditiva do que causou aquela extinção em massa, e os nossos resultados coincidem com o que sucedeu”, explica Justin Penn, o primeiro autor do artigo hoje publicado.

Este resultado, sublinha o mesmo investigador, “permite-nos agora fazer estimativas sobre possíveis extinções no futuro”. E aqui as conclusões tornam-se inquietantes: estas extinções massivas podem ocorrer de novo com o aumento da temperatura média da atmosfera do planeta – soa familiar?

Durante a grande extinção do Permiano, praticamente todas as espécies marinhas que então existiam desapareceram de vez. Depois de uma série erupções vulcânicas na Sibéria, houve uma acumulação de gases na atmosfera, a temperatura dos oceanos aumentou e as águas acidificaram-se. Isso fez cair para níveis mínimos a disponibilidade de oxigénio nos oceanos e a quase totalidade das espécies marinhas não conseguiram adaptar-se.

O modelo dos investigadores reproduz esse ambiente e também a extinção em massa ocorrida, que é por sua vez comprovada pelos registos fósseis.

O trabalho mostra, além disso, que a maior devastação na vida terrestre da altura ocorreu nas latitudes mais altas. Nos trópicos ela também aconteceu, mas nas latitudes altas, a vida pura e simplesmente desapareceu por falta de oxigénio. Este dado é confirmado pela distribuição geográfica dos registos fósseis.

“A assinatura daquele mecanismo feito de aquecimento global e diminuição de oxigénio está no próprio padrão geográfico que encontrámos e que ficou patente também no nosso modelo”, garante um dos coordenadores do estudo, Jonhatan Payne, da Universidade de Stanford.

De acordo com o estudo, metade das extinções então ocorridas na vida marinha são explicadas pelo aquecimento da temperatura e consequente quebra no oxigénio. A outra (quase) metade ficou a dever-se à acidificação das águas, que causou perdas drásticas na sua produtividade. E é este quadro, que começa a ter algo de familiar, que preocupa o autores do estudo.

“Se as emissões de gases com efeito de estufa continuarem como até agora, no final do século as águas oceânicas superficiais terão atingido 20% da temperatura a que chegaram há 252 milhões, para atingir os 50% em 2300”, alerta Justin Penn. E sublinha: “Este estudo mostra o potencial de extinções em massa de um mecanismo idêntico ao aconteceu no Permiano, desta vez causado por uma mudança climática antropogénica“.

Diário de Notícias
Filomena Naves
07 Dezembro 2018 — 12:40

 

“O tempo está a esgotar-se”. David Attenborough prevê “colapso da civilização”

CIÊNCIA

Foreign and Commonwealth Office / Flickr

Se os governos nada fizerem, a civilização e o mundo natural estão em risco de colapsar. O alerta foi feito pelo naturalista britânico, David Attenborough, durante a Cimeira do Clima que decorreu na Polónia na segunda-feira.

“Neste momento, estamos a assistir a um desastre global, feito pelo homem, e que é a maior ameaça que enfrentámos em milhares de anos: as alterações climáticas”, disse o britânico de 92 anos. “Se não fizermos nada, o colapso da nossa civilização e de boa parte do mundo natural está no horizonte.”

David Attenborough, apresentador e narrador de programas sobre a vida selvagem da BBC, foi escolhido para representar a voz das pessoas do mundo na 24ª Cimeira da ONU para o Clima (COP24). Um dos principais objectivos da conferência é encontrar formas de aplicar o Acordo de Paris, celebrado em 2015.

A forma encontrada pelas Nações Unidas para dar voz aos anónimos foi, dias antes do arranque da conferência, pedir a pessoas de todo o mundo que enviassem as suas mensagens para que estas pudessem ser apresentadas aos cerca de 200 representantes de governo reunidos na Polónia.

Foi através de uma montagem, segundo o Observador, que a plateia assistiu às mensagens vindas de todos os cantos do planeta. “Não vêm o que se passa à vossa volta?”, pergunta uma jovem. “Já estamos a ver o impacto das alterações climáticas na China”, diz outra. “Isto costumava ser a minha casa”, diz outra, apontando para ruínas queimadas pelo fogo.

Nesta montagem são também apontados números: 95% dos inquiridos dizem já ter vivenciado de alguma forma as alterações climáticas, enquanto dois terços concluem que esta é a maior ameaça que o mundo enfrenta.

“As pessoas do mundo falaram: o tempo está a esgotar-se. Elas querem que vocês, os tomadores de decisão, ajam agora. Líderes do mundo, vocês têm de liderar. A continuação da civilização e do mundo natural, do qual nós dependemos, está nas vossas mãos”, concluiu Attenbrough na sua apresentação.

A COP24 decorre até dia 14 de Dezembro em Katovice. As novas tecnologias favoráveis ao clima, a população como líder da mudança e o papel da floresta são os temas centrais que a Polónia quer ver discutidos na reunião mundial do clima que começou no domingo.

ZAP // Live Science

Por ZAP
5 Dezembro, 2018

 

A Terra pode tornar-se num novo planeta Vénus (e a culpa é das alterações climáticas)

AOES Medialab / ESA
Conceito artístico da superfície de Vénus

Se as alterações climáticas causadas pela humanidade continuarem sem controlo, as consequências podem ser irreversíveis e podem transformar as condições no nosso planeta nas mesmas de Vénus.

No passado, o planeta Vénus já esteve coberto de água e terá sido habitável. Mas o planeta passou por uma mudança climática catastrófica: a atmosfera começou a reter demasiado calor e o surgimento de um grande número de buracos de ozono destruiu o segundo planeta do Sistema Solar, onde a temperatura actual atinge mais de 471ºC.

Estudos no planeta vizinho levaram os cientistas a procurar buracos de ozono no nosso planeta, segundo Ellen Stofan, directora do Museu do Ar e do Espaço do Instituto Smithsonian e ex-investigadora da NASA, que enfatiza que Vénus é um espelho que pode reflectir o futuro da Terra.

De acordo com o cientista planetário e astro-biólogo do Instituto de Ciência Planetária, David Grinspoon, apesar da sua aparência moderna horripilante, Vénus é muito semelhante à Terra – sendo até chamado a “gémea malvada” do Planeta Azul.

“Vénus é um laboratório para entender a física do clima e as mudanças climáticas de um planeta parecido com a Terra. É impossível aprender tudo o que se precisa saber sobre a mudança climática na Terra ao estudar apenas a Terra”, disse ao portal Space.

Daqui a algum tempo, à medida que o Sol começa a envelhecer, o nosso planeta percorrerá o mesmo caminho que Vénus, com a evaporação do oceanos num mundo descontrolado devido ao efeito estufa.

“Acho que Vénus é um aviso importante: o efeito estufa não é apenas uma teoria”, concluiu Stofan.

ZAP // Sputnik

Por ZAP
4 Dezembro, 2018

 

ONU alerta que impactos das alterações climáticas “nunca foram tão graves”

VIDA E FUTURO

Estima-se que o ano de 2018 seja assinalado como “um dos quatro mais quentes alguma vez registados”. ONU apela à urgência de uma tomada de atitude.

O alerta foi dado pela secretária executiva das Nações Unidas para a Mudança do Clima, presente na 24.ª conferência da ONU, que decorre na Polónia.
© REUTERS/Kacper Pempel

A secretária executiva das Nações Unidas para a Mudança do Clima alertou este domingo para os impactos das alterações climáticas, que “nunca foram tão graves” e devem levar a comunidade internacional a “fazer muito mais” para contrariar a situação. No primeiro dia da 24ª conferência da ONU para o clima (COP24), a decorrer na cidade polaca de Katowice, Patrícia Espinosa estimou que este ano seja “um dos quatro mais quentes alguma vez registados”.

“As concentrações de gases do efeito estufa na atmosfera estão num nível elevado e as emissões continuam a subir”, acrescentou a responsável. As alterações estão a atingir “comunidades em todo o planeta” e as “vitimas, destruição e sofrimento” estão a “tornar o trabalho mais urgente”, disse.

O presidente da COP24, Michal Kurtyka, instou, por seu lado, a comunidade internacional a “imbuir de vida e conteúdo” o Acordo de Paris de 2015 para limitar a dois graus centígrados o aquecimento global.

Numa conferência de imprensa, no primeiro dia da cimeira que reúne cerca de 30 mil pessoas de 197 dias, Kurtyka argumentou sobre a importância da reunião na Polónia porque irá definir e articular o acordado em Paris.

“Não devemos esquecer as razões pelas quais aqui estamos. Estamos para articular a acção global contra a alteração climática. Nenhum governo sozinho pode resolver este problema. É altura de imbuir de vida e conteúdo ao Acordo de Paris”, defendeu.

Diário de Notícias
Lusa
02 Dezembro 2018 — 16:28

 

O bacalhau está em risco (e a culpa é das alterações climáticas)

CIÊNCIA

Terry Kearney / Flickr

O bacalhau pode deixar as águas da Noruega e sofrer uma redução drástica da população caso a temperatura global aumente mais do que 1,5 graus celsius, alerta uma investigação do instituto alemão Alfred Wegener.

De acordo com o estudo do Centro Helmholtz de Pesquisa Polar e Marinha, que realiza pesquisas nomeadamente nos oceanos Árctico e Antárctico, com as alterações climáticas e a subida das temperaturas há uma alta probabilidade de se perderem os actuais locais de criação do bacalhau.

Se a meta de conter o aquecimento global em 1,5 graus acima dos valores da era pré-industrial, conforme previsto no Acordo de Paris sobre redução de emissões de gases com efeito de estufa, não for alcançada, com o aquecimento e acidificação do oceano, o bacalhau do Atlântico e o bacalhau polar serão forçados a procurar novos habitats no extremo norte e as populações podem diminuir, indica a investigação.

Os investigadores dizem que tal pode ser “desastroso”, porque o bacalhau polar é a mais importante fonte alimentar para as focas e aves marinhas do Árctico.

Ao mesmo tempo, os pescadores podem perder a região mais produtiva do mundo para a captura do bacalhau, localizada a norte da Noruega. Os resultados do estudo indicam que uma política climática rigorosa pode prevenir as piores consequências, quer para animais quer para seres humanos.

Há peixes, como o bacalhau, que preferem água fria e só desovam em água fria. O bacalhau do Atlântico, um dos alimentos preferidos dos portugueses, desova em águas entre três a sete graus e o bacalhau polar desova a temperaturas entre os zero e os 1,5 graus celsius. Os investigadores Flemming Dahlke e Daniela Storch defendem que esta dependência da água fria pode ser fatal para as duas espécies, devido às mudanças climáticas, especialmente o aquecimento das águas do Atlântico Norte e do Árctico.

A juntar-se a esse aquecimento, a menos que se reduzam drasticamente as emissões de dióxido de carbono e gases com efeito de estufa, vai acontecer a acidificação das águas. Porque quanto mais dióxido de carbono é lançado para a atmosfera mais se dissolve no oceano, onde na ligação com a água forma ácido carbónico, que acidifica quando decai.

“Isso significa que o bacalhau do Atlântico e o bacalhau polar serão duplamente stressados no futuro, o seu habitat irá aquecer e ao mesmo tempo acidificar“, diz Flemming Dahlke, ecologista marinho.

A investigação concentrou-se especialmente nos embriões, concluindo que no momento da eclosão os bacalhaus são muito sensíveis às mudanças das condições ambientais.

As descobertas dos cientistas indicam que nas duas espécies de bacalhau um mesmo que pequeno aumento da temperatura pode causar a morte dos ovos ou produzir deformações nas larvas. E com a acidificação da água, ainda que ela esteja a uma temperatura óptima, o número de embriões que não sobrevive sobe de 20% para 30%, de acordo com as experiências dos investigadores.

As costas da Islândia e da Noruega abrigam actualmente as maiores populações de bacalhau do Atlântico, onde são pescadas todos os anos cerca de 800 mil toneladas, no valor de dois mil milhões de euros.

ZAP // Lusa

Por ZAP
30 Novembro, 2018

 

Algumas regiões do planeta vão ter até seis desastres naturais simultâneos este século

CIÊNCIA

Hotli Simanjuntak / EPA

Os desastres naturais vão piorar no próximo século. Este é o alerta de um grupo de investigadores sobre alterações climáticas.

De acordo com um artigo, publicado a 19 de Novembro na revista Nature Climate Change, actualmente, a maioria dos lugares sofre apenas um desastre climático de cada vez. Mas até 2100, as regiões podem esperar lidar com vários desastres de uma só vez.

“Estamos a enfrentar uma ameaça enorme para a humanidade”, disse Camilo Mora, da Universidade do Havai. “Somos sensíveis aos perigos que já aconteceram e, infelizmente, estes riscos só vão piorar.”

Para entender melhor as ameaças que estão por vir, Mora e os seus colegas analisaram mais de três mil artigos científicos e descobriram 467 maneiras pelas quais as mudanças climáticas já afectaram a humanidade.

O relatório narra a forma como os riscos climáticos, como ondas de calor, incêndios florestais, inundações e aumento do nível do mar, afectaram doenças humanas, o suprimento de alimentos, economias, infra-estrutura, segurança, entre outros. “Eu não conseguia parar de estar assustado todos os dias para ser honesto”, disse Mora, principal autor do estudo.

A equipa de investigação criou um mapa mundial complementar e interactivo com base em projecções. A imagem demonstra a sobreposição de impactos da mudança climática nas populações humanas até 2100.

Na mudança do século, por exemplo, as pessoas em Nova York poderá enfrentar quatro riscos climáticos distintos, incluindo a seca, a elevação do nível do mar, as chuvas extremas e as temperaturas altas. Do outro lado do país, Los Angeles provavelmente enfrentará até três desastres. Regiões tropicais especialmente vulneráveis ​​do mundo poderão lidar com até seis ameaças de uma só vez.

O estudo prevê que as nações em desenvolvimento enfrentarão maiores perdas de vidas humanas, enquanto o mundo desenvolvido suportará uma grande carga económica associada a danos e adaptação.

Embora a mudança climática tenha sido estudada extensivamente, Mora disse que investigações anteriores isolam o impacto de um ou dois perigos em vez de fornecer uma visão geral das consequências do aquecimento global.

Os investigadores dão alguns exemplos: o aumento na temperatura atmosférica pode levar à evaporação da humidade do solo em locais secos, o que leva a secas, ondas de calor e incêndios florestais. Em locais húmidos, chuvas extremas e inundações podem acontecer. À medida que os oceanos aquecem, a água evapora rapidamente, causando furacões húmidos e com ventos fortes e tempestades devido ao aumento do nível do mar.

“É como ter um quebra-cabeça no qual todas as peças estão em todo o lado. Só se pode realmente ver a imagem quando todas as peças são colocadas juntas”, disse Mora.

Mora espera que a Ciência acabe por inspirar as pessoas a tornarem-se parte da solução. Mesmo os esforços de comunidades como o projecto Go Carbon Neutral do Havai, que visa compensar as emissões de carbono através da plantação de árvores, podem contribuir para mudar o curso da mudança climática. “Esta é uma luta que não podemos perder. Não temos nenhum outro planeta para onde ir”, rematou.

ZAP // Discover

Por ZAP
24 Novembro, 2018

 

Alterações climáticas podem ter feito desaparecer a mais antiga civilização da Terra

CIÊNCIA

Sara jilani / Wikimedia
Sítio arqueológico de Harappa, berço da civilização Harapeana, no Vale do Indo

Investigadores da Instituição Oceanográfica Woods Hole sugeriram que a antiga civilização do Vale do Indo, que se desenvolveu entre 3.300 e 1.300 anos a.C, desapareceu devido à migração causada pelas mudanças climáticas.

A civilização, também conhecida como Harappa, é a civilização mais antiga do mundo, tendo vivido na região do Paquistão, Afeganistão e noroeste da Índia. Recentemente, uma equipa de arqueólogos desvendou o mistério da sua longevidade – mas ainda ninguém tinha descoberto a razão do seu desaparecimento.

Os Harappas construíram cidades sofisticadas, inventaram sistemas de esgoto antes da antiga Roma e desenvolveram um comércio de longa distância.

No entanto, por volta de 1800 a.C, os seus membros deixaram as cidades e mudaram-se para cidades menores perto dos Himalaias. De acordo com o estudo, publicado a 13 de Novembro na revista Climate of the Past, terão sido as alterações climáticas a causar o esgotamento gradual da monção de verão e a intensificação das monções de inverno.

A equipa estudou sedimentos do fundo do mar ao largo da costa do Paquistão, onde encontrou fósseis de plâncton, que verificava a teoria de que a mudança na precipitação sazonal ocorreu naquela época.

De acordo com Liviu Giosan, líder do estudo, “as monções de verão inconstantes prejudicou a agricultura no Indo”. Apesar de chover em menor quantidade nos Himalaias, “pelo menos seria confiável“.

O fim definitivo

O investigador observou que ainda é desconhecido se “os Harappas migraram para o sopé dos Himalaias numa questão de meses, ou se essa migração ocorreu durante séculos”. “O que sabemos é que quando foi concluída, o estilo de vida urbano também acabou“, disse Giosan.

Liviu Giosan, Stefan Constantinescu, James P.M. Syvitski
A civilização do vale do Indo é a maior – mas a menos conhecida – das primeiras grandes culturas urbanas da Mesopotâmia

As chuvas dos Himalaias foram suficientes para manter a antiga civilização durante os séculos seguintes, mas quando estas também se esgotaram, a comunidade chegou ao seu fim definitivo.

“Não podemos dizer que desapareceram completamente devido ao clima”, alertou o geólogo. No entanto, apontou que a mudança nas monções poderia desempenhar um papel nesse processo.

É notável e há uma lição poderosa“, observou Giosan. “Se olharmos para a Síria e para a África, a migração dessas áreas tem algumas raízes nas alterações climáticas. Isso é apenas o começo – o aumento do nível do mar devido às mudanças climáticas pode levar a enormes migrações de regiões baixas como o Bangladesh, ou de regiões mais propensas a furacões no sul dos EUA”.

ZAP // EurekAlert

Por ZAP
18 Novembro, 2018

Os Pirenéus estão com “febre” e vão perder metade da neve até 2050

CIÊNCIA

Akuppa / Flickr

Um recente relatório revela que o aumento da temperatura vai reduzir drasticamente a neve na cordilheira que forma uma fronteira natural entre França e Espanha.

O aumento da temperatura média nos Pirenéus em 1,2 graus centígrados nos últimos 50 anos faz prever que esta cordilheira perca metade da sua neve até 2050 e, se nada for feito, 80% antes do final do século.

Esta é uma das principais conclusões divulgada esta terça-feira durante a apresentação do relatório As Alterações Climáticas nos Pirenéus: Impacto, Vulnerabilidades e Adaptação, feito por mais de cem cientistas de Espanha, França e Andorra, para o Observatório Pirenaico das Alterações Climáticas (OPCC).

Tendo em conta que a subida média da temperatura na cordilheira foi de 1,2 graus nos últimos 50 anos, o panorama é muito preocupante. A média mundial foi de 0,85 graus, pelo que o aquecimento dos Pirenéus foi 41% superior.

O coordenador do estudo, Juan Terrádez, destacou na ocasião que metade dos glaciares dos Pirenéus já desapareceu. Além disso, salientou, a “escassez e variabilidade” da disponibilidade hídrica como um dos problemas socioeconómicos mais importantes derivados das alterações climáticas nos Pirenéus, uma vez que diminui a água disponível para a geração de energia hidroeléctrica e a produção agrícola.

Acresce ainda que a maior instabilidade climática provoca um aumento dos riscos, como deslizes de terras, inundações e incêndios florestais, bem como episódios de seca e chuvas torrenciais cada vez mais intensos.

Juan Terrádez também explicou que uma das consequências mais relevantes para a fauna e flora regionais é “a falta de sincronia” entre espécies que dependem umas das outras, como os insectos polinizadores e as plantas.

Idoia Arauzo, coordenadora do Observatório, classificou como “grave” a situação actual nos Pirenéus e reclamou uma “actuação urgente” e a “incorporação das alterações climáticas nas políticas”, porque “estão a ocorrer a uma velocidade muito rápida”.

Os Pirenéus têm “febre”, o que “é um sintoma de que se está a passar alguma coisa”, apontou Idoia Arauzo, que também enumerou os dez desafios das alterações climáticas nos Pirenéus deduzidos do relatório, entre os quais preparar a população para as alterações climáticas, reforçar a segurança perante os riscos naturais e acompanhar a população nos períodos de seca.

A lista dos desafios é completada com a garantia da qualidade da água, manutenção da atractividade turística dos Pirenéus, resposta às mudanças na produtividade e qualidade da produção agrícola, previsão das transformações irreversíveis na paisagem e a possível perda de biodiversidade, adaptação aos desequilíbrios entre oferta e procura energética e enfrentar a propagação de pragas.

A coordenadora do OPCC insistiu na “redução das emissões poluentes” e “adaptação” como formas de enfrentar o problema, e recordou que as alterações climáticas são “mais um factor de pressão” sobre o território, como pode ser a perda de população ou a falta de substituição de gerações na agricultura.

A apresentação do relatório realizou-se um dia antes da reunião da Comunidade de Trabalho dos Pirenéus, que vai decorrer em Saragoça e que integra as comunidades autónomas de Espanha e os departamentos de França unidos pela cordilheira, bem como Andorra.

ZAP // Lusa

Por Lusa
13 Novembro, 2018

O fundo do mar está a dissolver-se (e a culpa é dos humanos)

CIÊNCIA

Dimitris Siskopoulos / Flickr

As mesmas emissões de gases de efeito estufa que estão a causar mudanças climáticas no planeta estão também a fazer com que fundo do mar se dissolva cada vez mais rápido, de acordo com um novo estudo.

O oceano é o que é conhecido como o esgoto de carbono, uma vez que absorve carbono da atmosfera e este carbono acidifica a água. Nas profundezas do oceano, onde a pressão é alta, a água do mar acidificada reage com o carbonato de cálcio, originário das criaturas mortas. A reacção neutraliza o carbono, criando bicarbonato.

Ao longo dos milénios, esta reacção tem sido uma forma prática de armazenar carbono sem prejudicar a química do oceano. Mas, como os humanos queimam combustíveis fósseis, cada vez mais carbono tem acabado por se acumular no oceano. De acordo com a NASA, cerca de 48% do excesso de carbono que os seres humanos enviaram para a atmosfera foram bloqueados nos oceanos.

Todo esse carbono leva a oceanos mais ácidos, o que significa uma dissolução mais rápida do carbonato de cálcio no fundo do mar. Investigadores liderados pelo cientista oceânico Robert Key estimaram a provável taxa de dissolução em todo o mundo, usando a corrente de água, medições de carbonato de cálcio em sedimentos do fundo do mar e outros métricas-chave como a salinidade do oceano e a temperatura.

Os resultados, publicados a 29 de Outubro na revista Proceedings of The National Academy of Sciences, foram uma mistura de boas e más notícias. A boa notícia era que a maioria das áreas dos oceanos ainda não mostrava uma diferença dramática na taxa de dissolução de carbonato de cálcio antes e depois da revolução industrial.

No entanto, existem vários locais onde as emissões de carbono causadas pelo homem estão a fazer uma grande diferença. O maior ponto crítico é o Atlântico Norte ocidental, onde o carbono é responsável por entre 40 e 100% de carbonato de cálcio dissolvido. Há outros pequenos pontos críticos, no Oceano Índico e no Atlântico Sul, onde os depósitos de carbono e rápidas correntes aceleram a taxa de dissolução.

O Atlântico Norte ocidental é o local onde a camada do oceano sem carbonato de cálcio subiu 300 metros. Essa profundidade ocorre quando o carbonato de cálcio proveniente de animais mortos é anulado pela acidez do oceano. Abaixo dessa linha, não há acumulação de carbonato de cálcio.

O aumento na profundidade indica que agora que há mais carbono no oceano, as reacções de dissolução estão a ocorrer mais rapidamente e em profundidades menores.

“A destruição química de sedimentos ricos em carbonatos já depositados já começou e vai intensificar-se e espalhar-se por vastas áreas do leito marinho durante as próximas décadas e séculos, alterando o registo geológico do fundo do mar“, escreveu Key.

Os cientistas ainda não sabem o que essa alteração no fundo do mar significará para as criaturas que vivem nas profundezas, mas futuros geólogos poderão ver mudanças climáticas provocadas pelo Homem nas rochas eventualmente formadas pelo leito oceânico da actualidade.

ZAP // Live Science

Por ZAP
7 Novembro, 2018

70% da biodiversidade intacta que resta na Terra está em apenas cinco países

CIÊNCIA

Os poucos ecossistemas intactos que ainda restam na Terra, que ajudam a preservar a vida selvagem e servem como amortecedores cruciais contra os efeitos das alterações climáticas, correm o risco de serem destruídos devido à actividade humana.

O aviso é deixado por investigadores da Universidade de Queensland, na Austrália, e da organização não-governamental norte-americana Wildlife Conservation Society (WCS) através de um artigo publicado na passada quinta-feira na revista Nature.

Actualmente, 77% da superfície terrestre – com excepção da Antárctida – e 87% dos oceanos foram alterados devido a efeitos directos da actividade do Homem. Há cem anos, apenas 15% do planeta era utilizado para actividades agrícolas, aponta o estudo.

Só entre 1993 e 2009, a actividade humana destruiu a vida selvagem numa área de 3,3 milhões de quilómetros quadrados – mais do que a superfície da Índia. Hoje em dia, as únicas águas oceânicas não afectadas pela pesca industrial ou pela poluição estão confinadas às regiões polares.

(dr) Nature
Áreas que ainda mantêm ecossistemas selvagens intactos

“As áreas selvagens são agora os únicos lugares que contêm combinações de espécies próximas da sua abundância natural” e, por isso, estes espaços são os únicos que “apoiam o processo ecológico” necessário para “manter a biodiversidade numa escala evolutiva”, escreveram os especialistas na publicação.

Portanto, estes lugares são “importantes reservatórios de informação genética“, indispensáveis nos esforços reunidos para regenerar a vida selvagem em áreas degradadas pela actividade humana, explicaram os autores.

Cerca de 94% dos ecossistemas selvagens intactos estão actualmente localizados em apenas 20 países, enquanto apenas cinco deles – Rússia, Canadá, Austrália, Brasil e Estados Unidos – compõem 70% da vida selvagem.

(dr) Nature
Os países que contêm 94% de toda a vida selvagem intacta (excluindo a Antárctida)

“Um punhado de países abriga muito desta terra intocada e estes países têm uma grande responsabilidade em manter o que resta da natureza selvagem”, frisou James Watson, professor na Universidade de Queensland e autor principal do estudo.

Face a estes dados, é essencial que os governos unam esforços junto de uma estrutura global para a conservação ambiental, uma vez “a contribuição de ecossistemas intactos não foi especificamente abordada em nenhum dos quadros políticos internacionais, como o Plano Estratégico das Nações Unidas para a Biodiversidade ou o Acordo de Paris”, alertam por fim os autores do estudo.

O novo estudo é divulgado na mesma semana em que o WWF revelou que as populações de animais do planeta diminuíram 60% desde 1970, devido sobretudo à acção humana.

ZAP // RT / Deutsche Welle

Por ZAP
4 Novembro, 2018

Se não pararmos de comer carne, vamos acabar com o planeta

CIÊNCIA

luderbrus / Flickr

Cada cidadão deverá reduzir em 75% o seu consumo de carne de vaca, 90% de carne de porco, comer metade da quantidade de ovos e triplicar o consumo de sementes e frutos secos.

Segundo um estudo publicado esta quinta-feira na revista Nature, o consumo de carne de vaca teria de descer em 90% nos países ocidentais para que conseguíssemos evitar mudanças muito perigosas no ambiente.

Esta e outras recomendações são de alguns investigadores da Universidade de Oxford, que recomendam a redução drástica do consumo de carne para evitar alterações climáticas com efeitos devastadores.

Ao The Guardian, Marco Springmann, investigador e professor na Universidade de Oxford que liderou a investigação, disse que, actualmente, “estamos mesmo a arriscar a sustentabilidade de todo o sistema. Se estamos interessados em que as pessoas consigam comer e produzir, temos de reduzir o consumo de carne”, alertou.

Desta forma, a solução proposta pelos cientistas passa por diminuir drasticamente o consumo de carne e substituí-la por proteína animal, optando assim pelo consumo de legumes e leguminosas.

Segundo o estudo recentemente tornado publico, cada cidadão deveria reduzir em 75% o consumo de carne de vaca, em 90% o de carne de porco e comer metade da quantidade de ovos. No que diz respeito ao consumo de leguminosas, este deveria triplicar. Já o consumo de frutos secos e sementes deveria quadruplicar.

O Jornal Económico avança que a indústria agropecuária é a que mais danos causa a nível ambiental, graças à emissão de gases de efeito de estufa, à desflorestação, às quantidades de água que não são utilizadas e à contaminação de aquíferos subterrâneos.

Além desta informação – que não é propriamente uma novidade – o estudo apresenta uma previsão: se não houver uma intervenção, tudo irá ficar muito pior, dado que se prevê que a população cresça em 2,3 mil milhões em 2050, alcançando assim os 9,8 mil milhões de habitantes.

O crescimento da população estimula invariavelmente a criação de animais para consumo humano, que se está a tornar cada vez mais insustentável. Os países acidentais têm a maior culpa no cartório, dado que muitas das suas dietas são à base de produtos agropecuários.

Ainda que os investigadores lancem o alerta, admitem que esta mudança passa também pelos governos, através de políticas de educação, criação de taxas sobre os alimentos e concessão de subsídios para a produção de alimentos sustentáveis.

Isto significa que a atenção na produção de gado não é suficiente. É também necessário um cuidado adicional com os produtos de origem agrícola.

“Acho que conseguimos mudar, mas temos de ter governos mais pro-activos. As pessoas podem contribuir para a mudança se alterarem a sua alimentação, mas também se procurarem os seus políticos para lhes dizerem que precisam de ter melhores leis ambientais. Isso é muito importante”, concluiu Springmann.

ZAP //

Por ZAP
15 Outubro, 2018

Cientistas já sabem como alimentar 10 mil milhões de pessoas de forma sustentável até 2050

Stegerding / Flickr

Investigadores identificaram as melhorias que o planeta precisa para alimentar de forma sustentável a população humana em expansão.

“Sem uma acção eficaz, os impactos ambientais do sistema alimentar podem aumentar entre 50% a 90% até 2050”, afirmou Marco Springmann, especialista em sustentabilidade ambiental e saúde pública da Universidade de Oxford que liderou a pesquisa.

“Nesse caso, todas as fronteiras planetárias relacionadas com a produção de alimentos seriam superadas, algumas delas em mais do dobro”, acrescentou à Discover Magazine.

Segundo o estudo publicado a 10 de Outubro na revista Nature, a população terrestre aumentará tanto nos próximos 30 anos que esgotará a capacidade do planeta para cultivar alimentos suficientes.

À medida que as nações em crescimento começarem a comer mais – como já acontece no mundo ocidental – haverá uma intensificação dos impactos ambientais.

O sistema alimentar global estimula as mudança climatéricas, altera as paisagens e impulsiona a escassez de recursos.

Para tentar reverter o panorama futuro, Springmann estudou as opções possíveis para evitar uma crise mundial.

Para isso, Springmann e os seus colegas investigadores construíram um modelo para entender o impacto do sistema alimentar nos cinco principais sectores ambientais: emissões de gases de efeito de estufa, uso de terras agrícolas, uso de água doce e aplicações de nitrogénio e de fósforo.

O modelo criado pelos investigadores recria a produção de alimentos, o processamento e as necessidade de alimentação para 62 produtos agrícolas de 159 países, juntamente com pegadas ambientais específicas de cada país.

Panorama e situação actual

De acordo com a equipa, em 2010, o sistema mundial de alimentos emitiu cerca de 5,2 mil milhões de toneladas de dióxido de carbono e ocupou cerca de 12,6 milhões de quilómetros quadrados de terras cultivadas (uma área maior do que os EUA).

No cultivo das terras foram ainda usados 1,810 quilómetros cúbicos de água doce e 104 teragramas de nitrogénio – algo como 300 mil aviões Boeing 747 – e 18 teragramas de fertilizantes fosfatados.

Com estes dados apresentados e a estimativa de que a população global crescerá cerca de um terço para quase 10 mil milhões até 2050, as expectativas não são as melhores.

Segundo o estudo, este aumento da população mundial, combinado com a triplicação da renda global, pressionará ainda mais o sistema alimentar elevando o impacto das catástrofes mundiais nos sectores alimentares entre 50% e 92%.

A solução sustentável

Para os investigadores, a produção de alimentos de origem animal é responsável por quase três quartos do total das emissões e é tão intensa e prejudicial para o ambiente que os cientistas propõe mudar as dietas para incluir menos carne e mais grãos, nozes, legumes, verduras e frutas.

Esta alteração no consumo de carne proporcionaria um alívio para todo o sistema global alimentar e ainda ajudaria a aumentar o índice de saúde mundial. Os investigadores recomendam ainda reduzir o desperdício de alimentos e melhorar as práticas agrícolas.

Em relação ao desperdício alimentar, segundo o estudo, mais de um terço de toda a comida produzida é perdida antes de chegar ao mercado ou é desperdiçada pelo consumidor final. Segundo o relatório, uma redução pela metade do desperdício de alimentos diminuiria o impacto ambiental do sistema alimentar em 16%.

Quanto à proposta da melhoria das práticas agrícolas, o estudo fala em aumentar a rentabilidade, reciclar o fósforo e utilizar as águas das chuvas de maneira mais eficiente para reduzir as tensões do sistema alimentar sobre o meio ambiente em 30%.

Não há uma solução única suficientemente eficaz para evitar ultrapassar fronteiras planetárias”, disse Springmann. “Mas quando várias soluções são implementadas em conjunto, a nossa pesquisa indica que pode ser possível alimentar a população em crescimento de forma sustentável”.

ZAP //

Por ZAP
14 Outubro, 2018

Mudanças climáticas podem afundar oito das mais famosas cidades do mundo

(CC0/PD) Scott Webb / pexels

Um relatório científico publicado recentemente pela organização não governamental Christian Aid aponta quais são as grandes cidades costeiras que correm o risco de sofrer fortes inundações por causa do aquecimento global.

Os especialistas alertam no documento que, se o aquecimento global for superior a 1,5 graus, o aumento do nível do mar ultrapassará os 40 centímetros, fazendo com que algumas famosas cidades costeiras “fiquem extremamente vulneráveis perante tempestades e inundações”.

“Algumas das cidades mais famosas do mundo estão a afundar-se à medida que as mudanças climáticas fazem subir o nível do mar”, advertem os autores do documento. “Estas metrópoles podem parecer fortes e estáveis, mas é uma ilusão”, diz o relatório.

À medida que o nível do mar aumenta, estas cidades correm cada vez mais perigo e ficam cada vez mais debaixo de água”, acrescenta o relatório da Christian Aid. Entre as cidades mencionadas no relatório, encontram-se oito das mais famosas metrópoles do Mundo.

A primeira dessas cidades é Jacarta, na Indonésia. Os cientistas destacam que 40% da capital do país asiático já se encontra abaixo do nível do mar e que a cidade está a  afundar-se a um ritmo de 25 centímetros por ano. Em 2050, cerca de 95% do norte da cidade estará submerso.

Houston, nos Estados Unidos, é outra importante cidade que está em risco de afundar. Para o afundamento desta cidade do estado americano do Texas contribui o fato de ser o centro da indústria do petróleo e gás dos EUA.

A extracção de minerais fez com que uma área de 12 mil quilómetros quadrados do seu território tenha sofrido um rebaixamento de até 3 metros. Parte desta zona continua a afundar-se a um ritmo de 5 centímetros por ano.

A capital britânica, Londres, por sua vez, está a afundar-se em parte devido à fusão dos glaciares. A Barreira do Tamisa, inaugurada em 1984 para proteger a cidade de inundações, foi planeada para ser usada duas ou três vezes por ano. Porém, actualmente é usada seis ou sete vezes anualmente.

O relatório afirma também que a cidade chinesa de Xangai “é demasiado pesada para o terreno sobre o qual está construída”. A metrópole está a afundar-se nos sedimentos em que foi construída, devido ao peso das infraestruturas, à extracção de água subterrânea e à subida do nível do mar.

(CC0/PD) zhang kaiyv / pexels
A cidade chinesa de Xangai “é demasiado pesada para o terreno sobre o qual está construída”.

Também a capital da Nigéria, Lagos, está em risco de afundar. Se o nível das águas do mar aumentar 20 centímetros, 740 mil residentes da cidade nigeriana perderão as suas casas, alertam os especialistas.

Também a cidade de Manila enfrenta a possibilidade de desaparecer submersa. Apesar de estar habituada a grandes intempéries e a um clima extremo, a capital filipina corre o risco de afundar 10 centímetros anualmente, e “pode ter os dias contados”.

O Bangladesh é um país onde as mudanças do nível do mar já provocam migração da população. As áreas residenciais de sua capital, Daca, estão apenas 6 a 8 centímetros acima do nível do mar e, no golfo de Bengala, no sudoeste da cidade, o processo parece estar a aumentar dez vezes mais depressa do que a média mundial.

Há três anos, o governo tailandês previu que Bangkok, a capital da Tailândia, estaria debaixo de água em 15 anos. Tal como no caso de Xangai, em Bangkok o processo é causado, entre outros, pelos arranha-céus da cidade, cujo peso pressiona o solo.

Mas o aumento do nível do mar não é o único problema que as áreas costeiras baixas enfrentam. Muitas cidades nessas áreas estão a afundar também por causa do abatimento do solo, que aumenta consideravelmente o risco de inundações.

Esse é o caso de São Francisco, nos EUA, que está a afundar ainda mais depressa do que o nível do mar aumenta devido ao aquecimento global: actualmente, 3 milímetros por ano e em aceleração.

A capital chinesa, Pequim, é mais conhecida pelo absurdo nível de poluição atmosférica e por ocasionais tempestades de areia. Mas a sua maior ameaça ambiental encontra-se na realidade no subsolo: a cidade está literalmente a afundar-se. O efeito é mais significativo em Chaoyang, o bairro financeiro da cidade, que está a afundar-se 11 cm por ano.

Talvez esteja na altura de a espécie humana dar mais um salto evolutivo para algo diferente – de preferência, desta vez com guelras.

ZAP // Sputnik News / Christian Aid

Por SN
8 Outubro, 2018

Cientistas revelam as (inevitáveis) futuras secas catastróficas

CIÊNCIA

(CC0/PD) josealbafotos / pixabay

Cientistas chineses revelaram quais as regiões do planeta mais vulneráveis a secas causadas pelo aumento global de temperaturas médias.

Segundo o portal Phys.org, a equipa de investigadores avaliou a interferência das temperatura globais no acesso à água e, segundo comunicado  utilizaram um modelo teórico que descreve os estados do ciclo de água na natureza em condições climáticas normais.

O resultado da investigação, apresentada num artigo publicado em Agosto na revista  Geophysical Research Letters, demonstrou o que aconteceria com o ciclo da água em diferentes cenários em conformidade com o Acordo de Paris, que tenta limitar o aumento das temperaturas a 1,5 grau Celsius.

Caso o objectivo do Acordo de Paris seja atingido, a redução de água será moderada em várias partes do mundo.

No entanto, os especialistas destacaram que as regiões mais atingidas pela escassez de água serão a Ásia Setentrional, África Meridional, Europa Meridional, Mediterrâneo, Gronelândia, Islândia e Alasca.

Ao mesmo tempo, no caso de um aumento mais significativo da temperatura média, os recursos aquáticos esgotar-se-iam em redor do globo, afectando pelo menos 117 milhões de pessoas.

Em Setembro, um grupo de pesquisadores internacional revelou que a fusão do permafrost (camada de solo permanentemente congelada) e a emissão de carbono — devido ao degelo — reduziram a disponibilidade de dióxido de carbono para quase zero.

Segundo o estudo, exceder o volume de emissões de gases do efeito estufa poderia causar inevitavelmente uma catástrofe climatérica.

Por SN
6 Outubro, 2018

Aquecimento global no Pleistoceno elevou nível do mar até 13 metros

leungchitak / Flickr

O aquecimento global no final do período do Pleistoceno, com temperaturas similares às previstas para este século, reduziu a camada de gelo da Antárctida oriental e elevou o nível do mar até 13 metros acima do actual.

A conclusão é de um estudo internacional, liderado por cientistas do Instituto de Ciências da Terra do “Imperial College London”, publicado esta quinta-feira na revista Nature.

O gelo polar é uma componente essencial do sistema climatérico e afecta o nível global da água do mar e a circulação e transporte de calor nos oceanos.

Até agora a comunidade científica tinha-se centrado na camada de gelo da Antárctida ocidental, aquela que actualmente está mais vulnerável ao degelo. Ao mesmo tempo também se pensava que a região leste da Antárctida, com uma superfície equivalente a 115 vezes Portugal, e que contém cerca de metade da água doce da Terra, era menos sensível ao aquecimento global.

No entanto, o estudo agora publicado sugere que um aquecimento de dois graus na região, se se mantiver um par de milénios, vai derreter uma importante área da Antárctida oriental, com implicações no nível global da água do mar.

“Estudar o comportamento da camada de gelo no passado geológico permite-nos informar-nos sobre mudanças futuras”, disse Carlota Escutia, investigadora do Instituto Andaluz de Ciências da Terra, da Universidade de Granada, Espanha.

“Ao formarmos uma imagem de como cresceu e diminuiu o manto de gelo em cenários passados podemos entender melhor a resposta que terá a massa de gelo da Antárctida oriental no aquecimento global”, sustentou a cientista.

Para o estudo os cientistas investigaram amostras de sedimentos do fundo oceânico provenientes da bacia sub-glacial de Wilkes. As amostras foram recolhidas nas profundezas do oceano austral durante uma expedição em 2010.

As pegadas químicas deixadas nos sedimentos permitiram revelar os padrões de erosão continental à medida que a camada de gelo avançava e retrocedia.

“Detectamos que as alterações mais extremas se deram durante dois períodos entre glaciações, entre há 125.000 e 400.000 anos, quando o nível global do mar estava entre seis a 13 metros acima do nível actual”, disse Francisco Jiménez, também investigador do Instituto Andaluz de Ciências da Terra.

O Pleistoceno abrange um período que vai entre aproximadamente 1,8 milhões de anos e 11.500 anos atrás.

ZAP // Lusa

Por Lusa
23 Setembro, 2018

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