Publicado o último trabalho de Stephen Hawking

Black hole entropy and soft hair é o título do último trabalho em que o físico colaborou e dá um contributo para resolver o “paradoxo da informação” relativo aos buracos negros

Imagem de buraco negro na galáxia MCG 6-30-15
Foto ESA
Stephen Hawking

Stephen Hawking morreu no dia 14 de Março, aos 76 anos, mas até aos últimos dias de vida fez parte da equipa formada por cientistas de Cambridge e Harvard que desenvolveu um trabalho sobre o “centro da vida de Hawking” durante mais de 40 anos, segundo palavras do seu colega de equipa, o físico teórico Malcolm Perry.

O resultado é Black hole entropy and soft hair, publicado na terça-feira. Assinado por Sasha Haco, Stephen Hawking, Malcolm Perry e Andrew Strominger, debruça-se sobre o chamado “paradoxo da informação”, questão relacionada com a preservação da informação de um objeto que caia num buraco negro.

Seis décadas depois de Albert Einstein definir a massa, carga eléctrica e momento angular na teoria da relatividade, Hawking acrescentou outra propriedade aos buracos negros: a temperatura. Como todos os objectos perdem calor no espaço, previu que os buracos negros acabassem por deixar de existir. Porém, o cientista britânico estabeleceu a hipótese de que de alguma forma a informação dos objectos que lá tivessem caído permanecesse.

“Como é que a informação pode ser recuperada se o próprio buraco negro acaba por desaparecer?”, questiona Perry, em declarações ao The Guardian. A resposta está na hipótese de o objecto alterar a temperatura do buraco negro – e que a sua entropia pode ser registada através de fotões ou outras partículas à volta do buraco negro.

A fórmula para a temperatura dos buracos negros é conhecida como a temperatura de Hawking. Como escreve Malcolm Perry no Guardian, “todo o objecto que tem temperatura tem entropia e a entropia é uma medida de quantas formas formas diferentes um objecto pode ser feito através dos seus ingredientes microscópicos e continuar a parecer o mesmo”.

O físico John Wheeler e colegas defendiam a ideia de que os buracos negros não têm cabelo (teorema da calvície), uma metáfora que significava que todos os buracos negros eram idênticos.

Mas como todos os buracos negros se assemelham, a “origem da entropia estava no centro do paradoxo da informação”, continua Perry. Este físico, em conjunto com Hawking e Strominger descobriu em 2016 que afinal os buracos negros “têm cabelo”. E neste trabalho os cientistas descrevem a forma de calcular a entropia dos buracos negros.

Perry explica que este paper não tem a solução para o paradoxo da informação, mas que é um contributo nesse sentido. “É necessário mais trabalho, mas sentimo-nos muito encorajados a continuar a nossa investigação nesta área. O paradoxo da informação está intimamente ligado à nossa busca por uma teoria da gravidade que seja compatível com a mecânica quântica”, concluiu o professor de Cambridge.

Diário de Notícias
DN
11 Outubro 2018 — 14:03

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